O contexto em que vivemos, um pouco por toda a parte embora com graus muito desiguais de gravidade, reclama por vezes alguma paragem de pendor alienante na seriedade das análises e posições que vamos construindo e retocando dia após dia. Hoje é o dia para aqui repetir tal prática, predominantemente auxiliado pelo talento daqueles que, por essas imprensa e redes fora, nos fornecem abundante material de qualidade para alimentarmos tal perspetiva pessimista (“não penso sair aí para fora”, diz a cria de dentro do seu ovo), algures entre um aparente alheamento e uma ironia ferozmente reprovadora. A dominante de tão retorcida atualidade está focada nas guerras, com a tragédia humanitária e o impasse do Médio Oriente a quase fazerem obscurecer as atrocidades em curso na Ucrânia e o correlativo potencial de desvarios “putinianos”.
(Gallego & Rey, http://www.elmundo.es)
Não obstante aquele risco maior, importa ainda acrescentar-lhe o que provem do enorme ganho de expressão de nacionalismos e populismos de toda a ordem (alguns mesmo sem qualquer tipo de ordem vislumbrável), com a Argentina e os Países Baixos a serem os casos de mais recente superveniência mas não esquecendo também situações tão indeterminadas como aquela que ocorre aqui ao nosso lado com a Catalunha (a este nível, o cartune mais abaixo, publicado hoje no “El Mundo”, é de fino recorte!). Para além, obviamente, da mãe de todos os perigos que parece desenhar-se com a chegada ao poder nos EUA do “trumpismo 2.0” que nos vai sendo inacreditavelmente prometido para o final do ano que vem pelo eleitorado americano e que, a acontecer, mudará tudo para pior que péssimo, a ponto de poder vir a transformar-se no detonador de uma desordem internacional absolutamente transformadora do mundo porque destruidora dos equilíbrios minimalistas em que a convivência entre civilizações ainda tem conseguido navegar. Sublinho a terminar que, num quadro com estes contornos, prescindo de qualquer acrescento sobre a apagada e vil tristeza que reina cá no retângulo, onde o essencial mediático passa pelas zangas Costa-Marcelo, pelos desmandos da Justiça, pelo confronto socialista entre “carneiristas” e “pedronunistas”, pelas ameaças cada vez mais tonitruantes de Ventura e pelos motores ainda desligados do partido laranja; com o povo à espera e as suas dificuldades idem, apesar do “milagre” das “contas certas”.
(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)
(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be)
(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)
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