sábado, 25 de novembro de 2023

CONHECENDO E OUVINDO ISABEL SCHNABEL

Foi uma sorte e um privilégio ter podido conhecer Isabel Schnabel (membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu) na sua passagem pelo Porto a pretexto de uma conferência no jantar comemorativo dos 35 anos da PBS (Porto Business School), estes incluindo as fases precedentes da atual escola de negócios (ISEE E EGP) e uma obrigatória menção ao notável papel fundador do Engº Belmiro de Azevedo e à esforçada atividade do seu escolhido primeiro diretor (o Prof. Carlos Barral, à época contratado a ferros pelos Conselho Científico da FEP) e dos seus primeiros colaboradores próximos ou continuadores (Rui Guimarães, Daniel Bessa, Alcibíades Guedes, José Valente, José António Sarsfield Cabral, entre outros); a noite foi também de reencontro com velhos amigos, ex-colegas e ex-alunos, para além da oportunidade de um melhor conhecimento dos atuais responsáveis da PBS (nomeadamente o novo Dean, José Esteves, e o focado Presidente do Conselho Geral, Luís Filipe Reis).

 

Isabel Schnabel (IS) fez uma apresentação enxuta e rigorosa em torno da questão da política monetária nestes tempos de “teimosa inflação” que atravessamos. Explicando, nomeadamente, as razões pelas quais ela e a sua instituição consideram estar no caminho certo mas ainda não em condições de declarar vitória sobre aquele mal maior da economia; e sustentando a necessidade de vigilância continuada e perseverança para que nos aproximemos dos 2% em finais de 2025. O power-point, que está disponível no site do BCE, elucida bem o racional desta perspetiva.

 

Já na parte final da conferência, e explicitando ter um conhecimento limitado da realidade portuguesa, IS quis trazer à colação alguns dados que lhe pareceram chamativos quando se debruçou um pouco sobre a mesma nos seus contornos mais recentes. Abaixo, alguns gráficos elucidativos, o primeiro pondo a nu o que tem sido a esmagadora evolução comparativa experimentada pelo imobiliário em Portugal (especialmente desde a pandemia), os dois seguintes evidenciando a enormidade comportamental das taxas de juro nacionais associadas ao crédito hipotecário (desde 2022) e a especificidade das reações dos nossos agentes económicos em sede de depósitos e aplicações (com a fase dos certificados de aforro a ser bem notória no ano de 2022 em que o Governo os redescobriu, para logo depois os voltar a arrefecer), o terceiro confirmando a importância internacional atribuída à consolidação orçamental portuguesa e à correspondente queda da dívida pública nacional (eis para o que servem as “contas certas”, aplauso ― Krugman falou com exagero de “milagre económico” ― e ganho de credibilidade ― com impacto nas mudanças de notação e numa diminuição dos spreads que nos posiciona favoravelmente no seio dos velhos PIGS!).

 

Termino com uma renovada saudação à key note speaker, muito pela qualidade e segurança com que sustentou as suas posições mas também bastante pela simpatia que revelou e que pude testemunhar de perto ao longo de um jantar em que se falou de quase tudo o que importa (família, profissão e viagens) e de algumas matérias que a conjuntura impõe (como, em particular, as das intrigantes questões da política à portuguesa).




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