(Concejal Olvido Hormigos, fotografia de Bernardo Pérez para o El País)
Na minha jornada de trabalho de ontem em Vigo fui
surpreendido por um alvoroço de discussão na televisão e alguma imprensa
espanhola centrado num vídeo que foi ilegal e viciosamente transposto para a NET.
O que se passou então?
A vereadora socialista Olvido Hormigos de um pequeno pueblo
de cerca de seis mil habitantes da zona de Toledo viu um vídeo seu, de conteúdo
erótico, por ela realizado e destinado ao seu marido, difundido em cerca de
duas horas por toda a NET e por toda a população local. O vídeo, em que a
vereadora expõe os seios e aparentemente pratica uma sessão de masturbação,
pois a câmara fixa-se apenas num plano da cintura para cima, constituiu no dia
de ontem o pretexto para uma discussão acalorada sobre se a vereadora deveria
ou não demitir-se.
Atordoada pela primeira rodada de reações locais, Olvido
decidiu primeiro pelo abandono, mas depois de algumas expressões de
solidariedade (Elena Valenciano do PSOE não esteve pelo menos e afirmou que a Espanha
de Bernarda Alba e da repressão sexual já tinha acabado) parece ter
reconsiderado e prepara-se para enfrentar a ressaca.
Estamos perante um ato de sexualidade estrita e a relação
entre casais ou parceiros é do foro privado e mais íntimo. Parece não estar
aqui presente nenhuma forma de delito, a não ser a difusão ilegal na NET do vídeo
que, pelos vistos, terá um alegado responsável. Provavelmente um ato de corrupção
ou uma violação deliberada de uma qualquer lei não teria determinado tal
alarido e o alegado infrator assistiria à sessões municipais sem grande incómodo.
Parece estar aqui em causa a defesa do princípio inalienável
do direito à intimidade e privacidade. Mas é um caso exemplar para avaliar em
que medida a relação, nessa perspetiva entre o público e o privado, pode ser
questionada pelas redes sociais.
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