sábado, 15 de setembro de 2012

EXISTIMOS PARA ALÉM DE VOCÊS (GOVERNO E A.R.)

Fotografia de Américo Miguel Oliveira (Obrigado Caro Primo)


A síntese de Carlos Amaral Dias na RTP1 talvez tenha sido a mais feliz de todo um dia de ressurgimento da sociedade civil. A marca mais representativa de todo o processo de manifestação que se desenvolveu por todo o país é a sua natureza inorgânica. Uma presença fugaz do Bloco no Porto não chegou para apagar essa natureza claramente apartidária, transversal, interclassista e cobrindo praticamente todos os escalões etários. Não foi de facto um país globalmente deprimido que se manifestou. Foi antes ainda um país que assumiu o sujeito da intervenção, que se indignou, que manifestou estar chocado pela quebra de expectativas, pela descida vertiginosa do seu rendimento disponível, pela injustiça da desigualdade, pela falta da clareza e de transparência da governação. A tese do não há alternativa desmoronou-se, pelo menos a partir do momento em que está questionada, não necessariamente superada.
De facto, “existimos para além de vocês e não nos reconhecemos no espelho das nossas representações Governo e Assembleia da República”. Manifestações massivas não apenas para Governo interpretar, mas sim para todas as forças políticas integrar na sua revisão de interpretar os sentimentos mais profundos dos eleitores.
No mesmo debate, Adelino Maltez sublinhava a possibilidade de algo de novo ter sido recuperado. Veremos se a dinâmica política é de algum modo infletida por esta manifestação de autonomia de representação e de indignação.

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