Em termos verdadeiramente essenciais, partilhei as grandezas e misérias da condição humana tão cruamente confessadas por Ingmar Bergman na sua autobiografia. Revendo-me na ideia central de que “o significado da vida é o ato de viver, em si mesmo” e no pragmático ensinamento de sua mãe que fecha aquela evocação pessoal e segundo o qual “a vida é assim mesmo: cada um tem de se arranjar o melhor que puder”.
E, colmatando em simultâneo uma grave lacuna – o desconhecimento que tinha do tremendo testemunho auschwitziano de Primo Levi –, fui ainda ao encontro da despojada lucidez do escritor italiano – “todos descobrem, mais tarde ou mais cedo na vida, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm a pensar na consideração oposta: que também uma infelicidade perfeita é, igualmente, não realizável” – para culminar na sua divisão primordial dos homens entre os que se salvam e os que sucumbem.
Quão diferente fora esse outro Agosto de há trinta e um anos em que vivi de perto o modo como a cidade de Paris foi sacudida por uma larguíssima e cirúrgica difusão do cartaz publicitário abaixo onde uma jovem mulher em biquini prometia retirar a parte de cima do mesmo no dia 2 de setembro…
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