quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DESCUBRA A DIFERENÇA

Pertencem ambos ao mesmo XIX Governo Constitucional da República Portuguesa. Estavam os dois em visita oficial à República Federativa do Brasil. Mas, solicitados a comentar a alocução de Passos ao País, assim antagonicamente reagiram:

·         o estadista e patriota ministro dos Negócios Estrangeiros, circunspecto: “Eu percebo a vossa pergunta e percebam que eu, quando tenho de representar o País, tenho que ter uma regra que é fazer política externa e nada mais.

 

·         o garboso e reaparecido ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, prolixo: “O primeiro-ministro apresentou medidas, que não são medidas novas, são medidas que visam substituir as medidas que o Tribunal Constitucional chumbou. Portanto, eram medidas que os portugueses já sabiam que eram inevitáveis. Tentamos encontrar aquelas que são a melhor solução para que Portugal possa resolver os seus problemas. E devo dizer uma coisa: muitos daqueles que criticam, mas que não apresentam alternativas, não têm o direito, num momento em que muitos portugueses estão a passar por situações particularmente difíceis em que se pedem sacrifícios, de pedir que aqueles que são os responsáveis cruzem os braços perante a crise.” E mais, visivelmente contente pela oportunidade de o ouvirmos: “Não sou comentador político, essas são matérias para os comentadores políticos. Um governo o que tem é: governar. Essa é a responsabilidade dos membros do governo, assumir responsabilidades pelo caminho que estão a seguir. Nós sabemos desde o primeiro dia, desde o dia em que tomamos posse, que sabíamos que a situação em que Portugal se encontrava era uma situação difícil, e desde o primeiro dia que temos assumido a responsabilidade de não criar uma ilusão sobre a realidade; o Governo nunca faltou à verdade, o Governo nunca mentiu sobre a realidade do país.” E ainda, denunciando corajosamente os socialistas e enaltecendo a sua missão: “Não nos peçam para fazermos num ano aquilo que outros estragaram em seis. E, portanto, o caminho que aqui se coloca – sabemos nós – são de medidas difíceis que têm de ser assumidas com determinação, não cruzando os braços para que sejamos capazes de ultrapassar os nossos problemas. Ninguém mais do que os membros do Governo sentem a importância da dificuldade das decisões. Nós sabemos que são decisões muito difíceis.” E, por fim, humilde mas consciente do dever cumprido: “Os portugueses têm hoje um Governo que não cruza os braços perante os problemas, sabendo nós das dificuldades – nós somos os primeiros a senti-lo, somos os primeiros a ficar preocupados com muitas situações que acontecem no nosso País e por isso temos tido medidas sociais para apoiar os pensionistas, os mais desprotegidos da nossa sociedade. (...) Os portugueses sabem, pela realidade dos mercados e o reconhecimento internacional, que os sacrifícios que estamos a pedir têm tido o reconhecimento daqueles que nos avaliam, de que Portugal está hoje melhor do que estava antes.”


É afinal simples a explicação para tão estranha charada: o primeiro terminava o seu rodopio entre a metrópole paulista e a capital federal, enquanto o segundo acabava de chegar à animada noite carioca. Entendeu, mermão?

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