Gaspar falou hoje, devagarinho como é seu timbre, mas lá procurando
pôr alguma ordem na carta da atabalhoada alocução de Passos ao País, esta apenas
explicável para dar um obediente cumprimento às exigências de uma Troika desconfiada
de todos nós (povo e governantes).
Refiro-me, obviamente, à tal alocução que pusera Marcelo “gélido”
e depois, mais a frio, a sustentar que o nosso “impreparado” chefe de governo
fora concreto para o mexilhão e genérico para outras espécies mais sofisticadas.
A mesma cujas medidas apontadas terão contribuído para que Morais Sarmento se
dissesse “engasgado”. Ainda aquela que merecera de Alexandre Relvas a seguinte
apreciação de antologia: “Quem conheça o mundo das empresas sabe que estas
medidas não terão um impacto estrutural nem sobre o emprego nem sobre as
exportações – o número de empregos criados será marginal, assim como será
marginal o aumento das exportações. É inaceitável sujeitar o país ao
experimentalismo social, isto é, fazer experiências com a economia nacional a
mando da troika, o que se traduz num profundo desrespeito pelos portugueses. As
decisões de redução da Taxa Social Única para as empresas e aumento para os
trabalhadores, para promover a competitividade, só podem resultar de um enorme
desconhecimento da realidade empresarial.”
Além da sua crescentemente insuportável retórica economicista, o "believer" Gaspar aproveitou
para aprimorar o único receituário que conhece com alguns requintes de malvadez
e para o condimentar com uns “pintelhos” de inspiração catroguiana. E, qual
Passos, para desdizer com a mesma impávida expressão com que antes jurara o
contrário que afinal sempre iremos ter mais tempo (ver acima as novas metas do
défice orçamental aceites pela Troika).
Ah, e já agora, se puderem não deixem de ver a entrevista que o mesmo Gaspar concedeu esta noite a um inspirado José Gomes Ferreira na SIC – imperdível para se compreender quanto toda esta tristérrima encrencada lusitana assenta em verdadeiros pés de barro…
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