sexta-feira, 28 de setembro de 2012

AS ALTERNATIVAS



O Quadratura do Círculo de ontem foi marcado pelo tema das alternativas ao atual plano inclinado em que a trajetória anunciada para o resgate financeiro se encontra.
O tema é central, pois grassa por aí a ideia da ausência de alternativas, argumento que tem constituído a defesa principal da atual maioria, apoiada sobretudo na situação de partida, a incapacidade de acesso a financiamento por parte do Estado e da banca.
Também neste espaço de discussão, o debate não foi favorável ao Governo. A proteção que normalmente António Lobo Xavier lhe concede, e neste tema a sua posição é próxima da defesa da inexistência de alternativas, foi bastante obscurecida pelo reconhecimento claro e inequívoco da incompetência, impreparação e delírio na gestão política de todo o processo. Aliás, essa evidência está hoje já enraizada na perceção do cidadão comum, gerando uma efetiva desautorização de praticamente toda a prática governativa, que intervenções isoladas e desajeitadas de alguns ministros não fazem mais do que reforçar (caso, por exemplo, dos disparates de Paula Teixeira da Cruz). A argumentação de José Pacheco Pereira emergiu no debate como implacável. A trajetória atual degradou-se de tal modo que já não pode considerar-se uma alternativa viável. Mas a já referida incompetência e impreparação na gestão política do processo tem sistematicamente reduzido as margens de manobra de alternativas possíveis, alternativas entendidas no sentido de diferentes opções de governação para aplicar o acordo de resgate financeiro.
E o que é verdadeiramente surpreendente (ou se calhar não) é que, apesar dos esforços de António Costa, retenho de ontem apenas a ideia da revitalização urbana como instrumento de investimento e criação de emprego a curto prazo, o PS aparece marginal a todo este debate das alternativas. Compreende-se que o PS aspire a uma maturação mais lenta da consolidação de um projeto de governação. Mas convém não perder de vista que o tempo político está em profunda aceleração. De tanto esperar pode soar mesmo a ausência de alternativa de governo.
Seria bom que as palavras sensatas de Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, suscitassem um amplo debate. Sem falsa modéstia, já aqui fiz eco de tais ideias. O país necessita de estabilizar a carga fiscal que a sociedade portuguesa está disposta a suportar, incluindo o seu caráter progressivo e distributivo. Só depois faz sentido discutir as escolhas públicas que o futuro exige.

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