domingo, 30 de setembro de 2012

O SENHOR BORGES ATACA DE NOVO

(estadosentido.blogs.sapo.pt)


Como previa, o mistério das origens da ideia peregrina de descer a TSU às empresas e de a subir aos trabalhadores tão candidamente apresentada pelo primeiro-ministro como pretensa alternativa ao chumbo do Tribunal Constitucional haveria de desvanecer-se. Ora, tudo indica que o mistério está resolvido.
A investida (de baixo e mau gosto) do senhor Borges contra os empresários que não só se insurgiram contra a medida mas também admitiram a hipótese de devolver aos trabalhadores do seu próprio bolso o que lhes era retirado (como aconteceu no setor do calçado) é, na minha perspetiva, um bom indicador das origens da tão arreigada convicção do primeiro-Ministro. Talvez acrescentasse ao quadro a perspicácia do pequenino e sabidola Moedas e o beneplácito do ministro Gaspar.
Compreende-se que o homem, o senhor Borges, ande mal com a vida. Afinal, ele é um génio, ou considera-se como tal, teve a seus pés uma grande escola de negócios para a economia global, uma consultora financeira cuja seriedade na grande crise de 2007/2008 deixa muito a desejar e até o FMI Europa não escapou à sua sapiência. Ora, nestas condições, ser incompreendido no seu próprio país, apesar de ministro-sombra, e serem rejeitadas as suas propostas de rumo quando ele não está à vista, é coisa que deve abalar qualquer um. Mas o que poderia gerar uma reação de simples incompreensão e de alguma tristeza, leva o senhor Borges a espingardear para todos os lados e pelos vistos a transmitir ao primeiro-Ministro ideias similares. Há dias, Passos Coelho sobre esta questão dizia que a permanência de uma dialética entre trabalho e capital nas empresas nos tempos que correm era sinal de que não tinham compreendido o sinal desses tempos. Quem? Os trabalhadores e os empresários ou ele próprio?
Pois nessa atitude de espingardear para todos os lados à sombra de um estatuto de ministro-sombra não esteve com meias medidas e chamou ignorantes aos empresários e, do alto da sua cátedra (qual?), disse mesmo que chumbariam à sua disciplina. Além de tudo, é um insulto sério à memória do seu próprio avô, Eng. Mário Borges, um dos vultos mais proeminentes da então Associação Industrial Portuense, agora Associação Empresarial de Portugal. Alguns deles responderam-lhe à letra, dizendo por exemplo que não seria recrutado por qualquer uma das suas empresas, o que deixa alguns empregadores do senhor Borges, a começar pelo próprio Governo, em situação ingrata.
Sente-se que o senhor Borges está de mal com a vida, síndroma comum em personalidades incompreendidas deste calibre. Mas não haverá por aí nenhuma consultora financeira internacional que o acolha, lhe massaje o ego e o ponha a milhas de propor rumos para o país?

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