sábado, 31 de dezembro de 2016

BOAS-VINDAS A 2017, SE VIER POR BEM!



(Idígoras y Pachi, http://www.elmundo.es)

Uma de muitas seleções possíveis das melhores maneiras encontradas pelos talentosos artistas dos cartunes para rececionarem o ano que aí está a bater-nos à porta. Acima, as de pendor generalista; abaixo, as que traduzem uma mais específica expressão de dois temores maiores chamados Brexit e Donald Trump.

E votos de um Bom Ano para todos e cada um dos que vão partilhando este nosso espaço de liberdade...

(Christian Adams, http://www.telegraph.co.uk)

(António Jorge Gonçalves, http://inimigo.publico.pt)


(Michael Kontouris, http://www.efsyn.gr)

O EURO DESGOVERNADO

(James Ferguson, http://www.ft.com)

Uma ameaça que continuou presente em 2016 e que 2017 pode ver recrudescer de formas incontroláveis ou definitivas. Um tema a necessitar de ser urgente e competentemente enfrentado por técnicos estruturados e políticos corajosos...

2016

(Helen Mirren: "... 2016 foi um grande monte de merda"



Não sei se escolha o “grande monte de merda que foi 2016” de Helen Mirren ou o “Fuck 2016” de Clara Ferreira Alves para caracterizar a turbulência, as derrotas, as derivas, os desaparecimentos, os desencantos, os fanatismos deste ano que acaba e que não é para velhos, mas também não inspirou confiança aos mais novos. Não me consola que, embora com perigos e incertezas à porta, Portugal seja um relativo oásis e que o turismo sancione essa aparente ilha de segurança. È verdade que a solução política que avançou em Portugal este ano nos deu alguma esperança, destruindo tabus e impossibilidades, mostrando entre outras coisas que a direita terá de dar bastante à perna para conseguir uma maioria absoluta. As soluções políticas estão menos cristalizadas e ficarão ainda mais abertas se o PSD assumir o seu papel e regressar a algo mais parecido com a social-democracia, ou seja mais ou centro, e abandonar esta deriva de jotinhas impreparados, sedentos de destruição do que eles consideram o arcaísmo do país. É verdade também que Marcelo nos reconciliou com a Presidência da República, apagando na nossa memória o desconforto cinzento de Cavaco.

Mas Portugal é demasiado pequeno para que o contraciclo que aqui vivemos seja suficientemente esperançoso para apagar as agruras do que nos envolve no exterior, da desagregação da Europa à irracionalidade americana, passando pela destruição da Síria, o rastilho da Turquia, a permanência dos problemas do Médio-Oriente, o avanço da Rússia oligárquica.


(Entrevista de Marie-Héléne Caillol - diretora do think-tank LEAP sobre a desagregação europeia)

A desagregação europeia com os ventos do BREXIT a ampliar sintomas que eram identificáveis já há algum tempo (veja-se a excelente entrevista de Marie-HélèneCaillol diretora do LEAP ao La Vanguardia) é uma nuvem negra a toldar o nosso futuro e uma pequena economia como a nossa será sempre penalizada num contexto de comércio internacional musculado pelas tentações do intervencionismo à Trump ou de qualquer outro alucinado. Compreendo que um plano de contingência para uma eventual saída do euro, que pode precipitar-se com os acontecimentos políticos de 2017 em França e em Itália, será necessário. Mas continuo a não estar convencido que uma saída deliberada do euro seja vantajosa para a economia portuguesa, pois não sou admirador de desvalorizações competitivas para uma economia com a nossa dimensão.

Quer isto dizer que 2016 marcou bem fundo o horizonte externo penalizador em que nos movemos apesar do contraciclo que a história política recente nos proporcionou.

Este blogue teve oportunidade de sublinhar alguns desses temas que não podem estar fora da cogitação do nosso futuro, com ou sem geringonça: (i) o recuo da globalização e ausência de um discurso para a mesma que não se renda às meta-empresas globais; (ii) o efeito do progresso técnico (automação, robotização, …) na destruição de empregos na indústria transformadora mais do que os efeitos da globalização; (iii) a emergência dos populismos; (iv) a contradição entre a melhoria da desigualdade a nível mundial e o agravamento da mesma nas economias maduras e avançadas; (v) a falta de rumo da política monetária e o regresso necessário à política fiscal; (vi) a absoluta carência de uma nova ordem intelectual para orientar a coordenação na economia mundial; (vii) a tentação do operariado nas economias avançadas para ceder à sedução dos populismos à direita; e tantos outros.

Mas apesar de todas as nuvens, negras ou simplesmente cinzentas, Feliz 2017 para todos os que nos honram com a leitura regular ou esporádica deste blogue. Que a energia não nos falte para responder positivamente a esse interesse no INTERESSE.

2016 EM BREVE REVISTA PESSOAL


Estas listas de final de ano são de discutível interesse, mas sempre ajudam a rever o tempo passado. As que acima construí resultam obviamente de uma leitura muito pessoal da realidade envolvente e não vou, por isso, justificá-las mais do que o que aqui fui dizendo ao longo do ano (entre revelações, desilusões e vários outros tipos de apreciações). Deixei deliberadamente de fora algumas criaturas cujo comportamento humanitário e político os coloca abaixo de qualquer classificação admissível. A terminar, e embora duvidando, desejo que tenhamos a surpresa de que venha aí um melhor 2017!

DEBBIE E CARRIE


Para lá das lamentáveis perdas humanas em presença, há uma explicação para a minha particular sensibilidade em relação a este tétrico episódio das mortes sequenciais de filha e mãe. Não, não tem a ver com o facto de a primeira (Carrie Fisher) estar associada à icónica Princesa Leia de “Star Wars”. O que realmente me abalou mais, além da sempre chocante ordem antinatural das coisas, foi o facto de a mãe (Debbie Reynolds) estar associada aos meus tempos primitivos de ligação à Sétima Arte e, em especial, à marcante dimensão da presença feminina no grande ecrã (sob a incontestável dominância de Elisabeth Taylor, Sophia Loren e Audrey Hepburn, mas sempre na boa companhia da Debbie de “Serenata à Chuva” – aquela inesquecível cena de Gene Kelly! – ou “Vem a Meus Braços”, “A Flor do Pântano”, “A Conquista do Oeste” e “Os Milhões de Molly Brown”). Mais uma pedra que cai sobre uma época sem retorno...

OFERTÓN POR CRISTIANO


(cartoons de Omar Momani, http://www.goal.com)

O ano futebolístico, que foi de ouro para Cristiano Ronaldo (a décima-primeira taça dos campeões para o Real Madrid, o Europeu de seleções para Portugal e a quarta bola de consagração como melhor do planeta), acaba com um convite declinado pelo próprio para jogar na China por valores astronómicos (bestialidade, escreve a “Marca”). Assim rejeitada a taluda, ficam-se os asiáticos pela terminação (que não deixa por isso de ser um recorde) que saiu ao argentino Carlitos Tevez...

(Omar Momani, http://www.goal.com)