(Aparentemente
1.000 postos de trabalho retidos em Indianopolis, mas sobretudo os sinais de
uma política económica relativamente à qual será difícil associar regras previsíveis
e estabilizadoras, esta
parece ser a principal característica expectável para o capitalismo americano
na era Trump …)
O New York Times de 1 de dezembro de 2016 dedicou-lhe um artigo importante
(ver link aqui), Larry Summers zurziu na destruição de regras fundamentais de
clarificação de expectativas na economia americana (ver link aqui) e a blogosfera
económica esta “on fire” com o que se
antecipa para a política económica da era Trump.
A história conta-se facilmente. A CARRIER é uma empresa de grande dimensão
no domínio do aquecimento e refrigeração que planeara o deslocamento de cerca
de 2.000 postos de trabalho para o México, na sequência das conhecidas estratégias
de deslocalização de investimentos da economia americana para outros países. Na
linha do que tinha avançado em plena campanha eleitoral, Trump terá negociado
ou imposto um acordo com a CARRIER, no âmbito do qual o recém-eleito Presidente
americano canta vitória pela retenção em Indianopolis de cerca de 800 a 1.000
postos de trabalho, algo em torno de 0,2% apenas do total de empregos ma indústria
transformadora de Indiana. Enquanto anunciava a sua “proeza”, Trump fez uma espécie
de ameaça, mais real do que velada, a outros empresários americanos de que a
partir de agora iria ser assim. Será escusado dizer que a “populaça” de Indianapolis
terá rejubilado, particularmente as famílias que iriam ser diretamente atingidas
pela deslocalização dos postos de trabalho. Imagina-se que no México, destino da
deslocalização, terá havido uma reação de sentido contrário.
O debate emergiu essencialmente depois dos contornos do acordo terem sido tornados
públicos. Pelo que se sabe, a imposição à CARRIER teve por suporte um incentivo
de 7 milhões de dólares, saído dos cofres do estado de Indiana. Mas, na prática,
segundo o New York Times, o incentivo terá sido acompanhado de ameaça de
suspensão de contratos à United Technologies, empresa ligada à CARRIER. Imagina-se
a série de incentivos e ameaças que vão multiplicar-se com outras empresas com
projetos de deslocalização de investimentos e unidades acaso as promessas de
Trump sejam cumpridas.
É neste contexto que se compreendem as fortes críticas de Larry Summers a este
tipo de exercício da política económica, no fundo um hino ao discricionarismo puro
e simples e favorecedor de uma falta de escrutínio absoluto das condições que podem
ser negociadas por debaixo da mesa. Mas o operariado de Indiana aplaude, e a população
em geral do Estado também pelo pendor nacionalista da coisa, embora não compreenda
que por detrás deste intervencionismo de pacotilha pode estar em marcha, como o
diz Summers, uma profunda alteração das regras de funcionamento do capitalismo
americano. Dirão os economistas institucionalistas, e a escola institucionalista
americana tem representantes excelentes, que a destruição de regras que regulam
a confiança e o escrutínio dos mercados acabará por conduzir o sistema para
caminhos ínvios e claramente incompatíveis com uma democracia económica
moderna. Mas com grande respaldo popular, o que é trágico e preocupante.
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