(a partir de http://expresso.sapo.pt)
O advogado portuense Miguel Veiga (MV) morreu no mês passado aos 80 anos. No meio de tantos e tão elitistas encómios que na ocasião lhe foram dirigidos, pouco espaço restava para procurar repor no são alguns outros aspetos relacionados e por isso então hesitei e me decidi por ficar calar. Passado um normal período de nojo, fui reler a sua última entrevista de vida (2013), concedida ao “Expresso”, e eis-me a voltar ao assunto a partir dela, mas não só. Para referir o quê? Primeiro, que MV era um exemplar do portuense que um certo classismo de pacotilha esculpiu à sua própria imagem e do alto de uma grandiosa presunção e pesporrência – o Porto, o Porto que eu julgo conhecer bem é outra e muito diferente coisa (dispenso-me, por ora, de mais elaboração em torno). Segundo, que MV conjugava como ninguém uma razoável pseudointelectualidade e uma quase mas nem sempre elegante e de bom gosto atração pelo “belo sexo”. Terceiro, que MV tinha ainda assim algo de profundamente portuense no livre e aberto desbocamento com que se pronunciava sobre matérias de cidadania e/ou do foro político, como quando denunciava uns “tipos do piorio que existem em Portugal”, “uns tipos que “não têm uma ética de convicções”, uns tipos aparelhísticos que levaram Passos a primeiro-ministro. Termino: MV era mais do género apaixonado primário do que sedutor sofisticado, mas era alguém que soube ser verdadeiramente amigo do seu amigo e foi um homem que deixou a sua marca (também leonina) na Cidade que adorava e nunca quis abandonar – que fique em paz...
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