sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

MENTIRAS QUE PASSAM A VERDADES





Catherine Rampell tem no Washington Post uma excelente peça jornalística que mobiliza resultados de uma desconcertante sondagem realizada pelo The Economist/You Gov sobre mentiras que a população eleitora americana transforma em verdades passíveis de influenciar a orientação de voto. Claro que chegamos de novo ao papel dos tabloides de grande tiragem e à televisão de fancaria para explicar a formação de uma opinião pública distorcida.

E o desabafo de Brad DeLong torna-se cada vez mais atual: Oh can’t we have a better press corp?

Algumas evidências:

  • 62% dos eleitores de Trump (25% dos eleitores de Hillary) acredita que milhões de votos ilegais foram identificados nas últimas eleições;
  • 31% dos eleitores de Trump (18% dos eleitores de Hillary) acredita que as vacinas provocaram casos de autismo;

  • 20% dos eleitores de Trump (80% dos eleitores de Hillary) acredita que os russos piratearam o correio eletrónico dos democratas para influenciar as eleições;

  • 47% dos eleitores de Trump acha que a informação fornecida pelo Governo Federal sobre a economia é falsa;

  • 36% dos americanos acha que Obana nasceu no Quénia;

  • 53% dos americanos acha que existiam no Iraque armas de destruição em grande escala que as tropas americanas não localizaram. 

A conclusão de Catherine Rampell é bastante pessimista:

“Algumas destas perceções deficientes e falsas crenças podem parecer ridículas. Para mim, são aterrorizadoras. Resultam em recursos mal utilizados, violência e assédio, riscos de saúde, má política e, em última instância, na deterioração da democracia. A boa governança torna-se mais exigente quando os americanos vivem em universos paralelos de factos”.


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