Catherine
Rampell tem no Washington Post uma excelente peça jornalística que mobiliza
resultados de uma desconcertante sondagem realizada pelo The Economist/You Gov
sobre mentiras que a população eleitora americana transforma em verdades passíveis
de influenciar a orientação de voto. Claro que chegamos de novo ao papel dos
tabloides de grande tiragem e à televisão de fancaria para explicar a formação
de uma opinião pública distorcida.
E o desabafo
de Brad DeLong torna-se cada vez mais atual: Oh can’t we have a better press
corp?
Algumas evidências:
- 62% dos eleitores de Trump (25% dos eleitores de Hillary) acredita que milhões de votos ilegais foram identificados nas últimas eleições;
- 31% dos eleitores de Trump (18% dos eleitores de Hillary) acredita que as vacinas provocaram casos de autismo;
- 20% dos eleitores de Trump (80% dos eleitores de Hillary) acredita que os russos piratearam o correio eletrónico dos democratas para influenciar as eleições;
- 47% dos eleitores de Trump acha que a informação fornecida pelo Governo Federal sobre a economia é falsa;
- 36% dos americanos acha que Obana nasceu no Quénia;
- 53% dos americanos acha que existiam no Iraque armas de destruição em grande escala que as tropas americanas não localizaram.
A conclusão
de Catherine Rampell é bastante pessimista:
“Algumas destas perceções
deficientes e falsas crenças podem parecer ridículas. Para mim, são aterrorizadoras.
Resultam em recursos mal utilizados, violência e assédio, riscos de saúde, má
política e, em última instância, na deterioração da democracia. A boa governança
torna-se mais exigente quando os americanos vivem em universos paralelos de
factos”.
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