sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

OS TRÊS GRÁFICOS DE MARTIN WOLF




(O cronista Martin Wolf do Financial Times tem sido um dos críticos mais sistemáticos dos rumos da zona euro e sobretudo da política económica que por aí vem sendo praticada, nada melhor do que recorrer à sua pena para mostrar a vulnerabilidade a que continuamos sujeitos enquanto carruagens do mesmo comboio…)

Martin Wolf tem-se destacado na desmontagem dos erros de política económica que a zona Euro tem imposto a si própria e da ideia de inevitabilidade que lhe anda associada.

Agora que de novo uma carruagem ameaça descarrilar, e uma grande carruagem, a Itália, Wolf volta à carga, retomando a ideia central de que uma união económica e monetária nunca poderá viver descansada com desempenhos tão divergentes entre os seus membros.

Desta vez, com três gráficos apenas se escreve o risco de descarrilamento.

O primeiro gráfico mostra claramente que a procura real da zona euro continua, apesar do seu crescimento, abaixo do nível atingido em 2008, o que mostra que em oito anos parece não ter ficado claro nas cabeças dos decisores que a zona euro vive um contexto de insuficiência de procura, com as economias de maior dimensão a apresentarem um valor de investimento público líquido praticamente nulo.


O segundo gráfico descreve o comportamento dos salários nominais em alguns países da zona euro, dos maios débeis até aos mais fortes. É visível no gráfico que o modelo de recuperação da competitividade assentou permanentemente na descida do salário nominal face ao da Alemanha, mas com esta inflexível no relançamento da sua procura interna.


Finalmente, o terceiro gráfico mostra a divergência do comportamento da despesa interna real.

Com três gráficos apenas se mostra a vulnerabilidade em que a zona euro está mergulhada. E é um crítico interno que o diz, não um fanático defensor do desmantelamento do Euro.

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