(O cronista
Martin Wolf do Financial Times tem sido um dos críticos mais sistemáticos dos
rumos da zona euro e sobretudo da política económica que por aí vem sendo praticada,
nada melhor do que
recorrer à sua pena para mostrar a vulnerabilidade a que continuamos sujeitos
enquanto carruagens do mesmo comboio…)
Martin Wolf tem-se destacado na desmontagem dos erros de política económica
que a zona Euro tem imposto a si própria e da ideia de inevitabilidade que lhe anda
associada.
Agora que de novo uma carruagem ameaça descarrilar, e uma grande carruagem,
a Itália, Wolf volta à carga, retomando a ideia central de que uma união económica
e monetária nunca poderá viver descansada com desempenhos tão divergentes entre
os seus membros.
Desta vez, com três gráficos apenas se escreve o risco de descarrilamento.
O primeiro gráfico mostra claramente que a procura real da zona euro continua,
apesar do seu crescimento, abaixo do nível atingido em 2008, o que mostra que
em oito anos parece não ter ficado claro nas cabeças dos decisores que a zona
euro vive um contexto de insuficiência de procura, com as economias de maior
dimensão a apresentarem um valor de investimento público líquido praticamente
nulo.
O segundo gráfico descreve o comportamento dos salários nominais em alguns
países da zona euro, dos maios débeis até aos mais fortes. É visível no gráfico
que o modelo de recuperação da competitividade assentou permanentemente na descida
do salário nominal face ao da Alemanha, mas com esta inflexível no relançamento
da sua procura interna.
Finalmente, o terceiro gráfico mostra a divergência do comportamento da despesa
interna real.
Com três gráficos apenas se mostra a vulnerabilidade em que a zona euro está
mergulhada. E é um crítico interno que o diz, não um fanático defensor do desmantelamento
do Euro.
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