As minhas passagens por Lisboa são agora mais esporádicas ou, talvez melhor, mais concentradas. Daí que tenha menos disponibilidade para as incursões que me eram frequentes ao “Pabe”, um restaurante que se foi constituindo ao longo de décadas numa instituição da vida pública portuguesa. Sem dúvida que a assiduidade de Sá Carneiro ou as entrevistas ao almoço promovidas pelo “Expresso” naquela mesa grande do meio da primeira sala, quando o semanário ficava logo ali na esquina da Duque de Palmela com a Braamcamp, contribuíram em muito para o seu prestígio e bom nome. Como também as inúmeras petites histoires que se contaram como tendo sido testemunhadas pelas paredes daquele espaço – quem não se lembra, por exemplo e para só citar um episódio, daquela referência ouvida a Sousa Franco ao pior governo de Portugal desde D. Maria II? No que me toca, e bem mais modestamente, o certo é que várias das minhas grandes decisões profissionais e alguns dos meus bons convívios e celebrações pessoais ocorreram também na agradável ambiência do “Pabe”, um restaurante que funcionava a qualquer hora (“até não haver clientes” era a máxima da casa) e em 364 dias de cada ano comum. Vi na capa do “Sol” a notícia e – embora não tendo ilusões quanto ao facto de que tudo acaba – aqui quero deixar registado o meu pesar, o meu reconhecimento ao senhor Belarmino e seus colaboradores e a minha antecipada saudade. Que o novo projeto que ali vai acontecer a partir de maio vá ao encontro dos galões alcançados pelo antigo é o único desejo que agora me resta formular...
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