quinta-feira, 19 de abril de 2018

UMA OLHADELA AQUI PARA O LADO

(José Maria Pérez González – “Peridis”, http://elpais.com)


Em Espanha, as desgraças do independentismo catalão e do desesperante autismo de Rajoy não se ficam pelos perniciosos efeitos que estão à vista em termos políticos e sociais, antes vão crescentemente revelando consequências altamente gravosas sobre a economia local. Acima, um exemplo manifesto na evidência dos 31,4 mil milhões de euros de depósitos perdidos pelos bancos catalães no último trimestre de 2017, assim colocando o volume total de depósitos na região praticamente ao nível de uma década atrás.

Mas há outras realidades económicas a registar do lado de lá das nossas fronteiras. Ilustro-as com os dados abaixo, segundo os quais há ainda nove comunidades autonómicas que ainda não recuperaram o nível do PIB que nelas prevalecia antes da crise de 2008, o que ocorreu para o país como um todo a meio de 2017. Sendo que cinco dessas comunidades viram também o seu PIB per capita (proxy do grau de desenvolvimento) diminuir no referido período, com o caso da enorme Andaluzia a ser aquele que maior destaque e sublinhados de perplexidade tem merecido por parte dos analistas da matéria. Dito isto, e se quisermos encarar a questão pelo lado do “copo meio cheio”, sempre se pode ainda adiantar que o espetro das regiões espanholas ditas de “objetivo 1”, que era de 12 comunidades em 17 existentes no início do século e já apenas de 4 em 2013, está hoje simplesmente reduzido à Extremadura – não obstante, a nova Política de Coesão que está para começar a vir ao de cima a partir do próximo mês traz consigo um foco na híbrida figura das “regiões de transição”, traduzindo-se em alguns casos numa espécie de “novos desmunidos” que será assumida como justificativa de tratamentos dirigidos que necessariamente pesarão na distribuição das já de si mais diminutas verbas globais disponíveis...


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