quinta-feira, 5 de abril de 2018

ECOS DO ENCONTRO COM OS GAL LEADER



(Não propriamente uma resenha da reunião, mas antes uma reflexão de síntese para a minha própria aprendizagem sobre estas coisas. Mas o movimento do desenvolvimento local está firme e combativo, como sempre, o que é uma prova de resiliência.)

Antes de mais a oportunidade de rever malta com a qual tenho alguma cumplicidade de perspetivas, a Mafalda Cabral da Sol do Ave, a Ana Paula Xavier da Adriminho, o António Montalvão Machado da ADRAT, a própria Maria João Botelho da MINHA TERRA, gente conhecida no Centro, no Algarve, gente nova recém-chegada ao movimento, gente resiliente.

Grande complementaridade de perspetivas com o António Ramos da ADC e com o Joaquim Felício da CCDR Centro, o que foi bom para os representantes dos GAL, pois tiveram a oportunidade de ouvir a tutela facilitadora (a ADC), a tutela apreciadora de projetos (a CCDRC) e uma perspetiva, a minha, que não consigo bem classificar, digamos de observador-avaliador, interessado sobretudo na prática reflexiva, ao meu jeito de “reflexive practitioner”, que nunca deixei de ser.

Uma incongruência saltou à minha observação, que não é culpa dos GAL e não me interessa saber de quem é. Mas que se trata de uma incongruência aparentemente inexplicável para alguém com distância ao tema, não tenho dúvidas. Afinal, discutia-se o futuro antecipável do instrumento Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC) mas estranhamente, vá lá saber-se por que atrasos inauditos de implementação da programação temos execução ainda ZERO do que estivemos a discutir. Será que ouvi bem? Sim, porque me apoiei sobretudo no ouvido esquerdo.

Mas a reflexão mais relevante que gostaria de fazer, faço-a numa perspetiva de interrogação: será que temos governo e base política de suporte para equacionar o desenvolvimento do país em consonância com a valorização e desenvolvimento da sociedade civil, tornando-os indissociáveis e de evolução conjunta? Se sim e quero acreditar que ainda há espaço para uma esperança dessa natureza, então não desperdicemos o valioso capital de envolvimento das sociedades civis locais que os GAL têm vindo resilientemente a representar. Sem uma conceção imaculada do movimento, atento aos riscos do seu fechamento em si, efeito de lock-in organizacional, ignorar e desperdiçar toda esta fonte de capital social equivaleria a matar muito do dinamismo que alguns territórios frágeis e vulneráveis ainda conseguem manter, apesar do declínio demográfico.

Esta é para mim a questão essencial, mesmo que uma avaliação mais sistemática do instrumento de política pública possa trazer outros cambiantes.

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