Passou já o necessário tempo de quarentena relativamente à surpreendente vitória há três dias obtida pelo FC Porto no Estádio da Luz. A verdade é que foi o jogo da redenção para o mal-amado e, até há pouco, engalinhado Héctor Herrera (quem não se lembra daquela expulsão ingénua – em apenas 6 minutos de jogo por acumulação de amarelos e no espaço de um minuto, o segundo por sair da barreira antes do tempo –na sua estreia em 2013 como titular na Champions perante o Zenit de São Petersburgo?), autor daquele golo magistral em cima do tempo regulamentar. Um dos blogues portistas mais interessantes e de melhor qualidade (“O Tribunal do Dragão”) referiu-se, a este propósito, a uma “justiça poética”, recordando que fora a ele que o árbitro anulara um golo legítimo no encontro da primeira volta; realçando também uma “exibição de trabalho” (ações defensivas, faltas sofridas, passos completados e duelos ganhos). Quanto ao jogo propriamente dito, uma síntese fácil: Benfica melhor na primeira parte e FC Porto muito melhor na segunda. Dito isto, há que acrescentar ainda a clara vitória de Sérgio Conceição sobre Rui Vitória, quer em termos táticos quer em termos anímicos quer em termos de atuação no banco.
A liga portuguesa ficou agora a quatro jornadas do fim, com a decisão ainda claramente em aberto. Daí que seja precipitada a tentação de festejar mais do que a vitória em si (e que bem soube!). Ver-se-á, pois. Uma coisa é certa: o futebol é uma caixinha de surpresas que recorrentemente vai validando a conhecida máxima de Pimenta Machado segundo a qual o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira – vejam só o que aconteceu neste fim de semana: o Sporting, dado por arrumado, passou a depender de si próprio para chegar ao segundo lugar; o Benfica, dado por quase penta campeão, passou a poder perder o acesso à Liga dos Campeões da próxima época; o FC Porto, dado por estar à bica de ser arredado do título, passou a ficar com o pássaro na mão. Bem, se Deus existir e for justo, os azuis-e-brancos chegarão à frente com todo o mérito, castigando o “sistema” em todas as dimensões por que foi sendo desvendado ao longo do ano futebolístico em curso; já os menos crentes terão de se contentar com um apelo a que a esmifrada equipa de Sérgio se mantenha firme e hirta, sendo tão intratável quanto as forças ainda lhe permitam e não concedendo facilidade alguma a adversários, árbitros, vídeo-árbitros e demais engendradores dos truques manhosos que se lhe irão inevitavelmente deparar...
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