domingo, 1 de abril de 2018

MANIFESTOS



(Assim o esperava e assim aconteceu. Portugal é o país dos manifestos e um conjunto de personalidades dominantemente à esquerda lá saiu com o manifesto sobre o discutível atentado à democracia em curso na Catalunha. Para mim os manifestos deste tipo são sobretudo relevantes para percebermos com quem não estamos, mesmo, claro está, que não nos tenham perguntado.)

Já escrevi o suficiente neste espaço sobre o tema Catalunha para ser possível compreender que não estou do lado dos signatários deste documento. A sua visão do problema da Catalunha é distorcida e estou convicto que desinformada.

Como mais um contributo para a desmontagem desse manifesto e da sua perspetiva, recomendo a vossa atenção para o artigo do jornalista do El País Ignacio Vidal-Foch sobre a TV3 (link aqui), televisão pública da Catalunha. Talvez os signatários do manifesto queiram saber que, apesar de toda a ofensiva antidemocrática que o manifesto pretende denunciar (é um direito pleno que lhes assiste), a TV3 continua ao serviço do projeto independentista (sim uma televisão pública) e pelos relatos que me chegam o princípio da pluralidade de opinião (afinal o secessionismo continua a representar apenas 41% do eleitorado, segundo as sondagens mais recentes) há muito que foi rasgado da programação e da linha editorial daquela televisão. Mais ainda, há elementos que demonstram estar intacta a estratégia de comunicação de agit prop separatista, sim mesmo depois da aplicação do 155º.

Caros signatários do manifesto, conviria rever conceitos. Colocar no mesmo saco a luta contra o franquismo e o que se passa hoje na Catalunha é simplesmente ridículo.

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