A prestigiada coluna europeia do “The Economist” chamada “Charlemagne” é esta semana dedicada ao nosso País. O título principal diz quase tudo (“A Social-Democracia está a patinar em todo o lado na Europa, exceto Portugal”), o subtítulo vai ainda mais longe (“Um pequeno milagre no Atlântico”) e o pequeno título de abertura usa o termo perky (que tanto poderá apontar para ousadia como para altivez ou talvez um misto) para caraterizar o protagonista do artigo que é António Costa.
Não obstante, o parágrafo final não resiste a um certo wishful thinking analítico. Reza assim: “Como se sugere, o governo de esquerda de Portugal está a ter sucesso em parte porque não é especialmente de esquerda. Por enquanto, está mais fixado nos défices e na dívida do que em investimento e serviços públicos. Um governo de centro-direita estaria a fazer o mesmo. E assim, apesar das palavras calorosas de Costa, a geringonça acabará certamente por ser um casamento de conveniência temporário; já se diz em voz baixa que o seu partido está a emitir sinais aos social-democratas [leia-se PSD – mas que raio de misturada esta originalidade nacional de um PSD que afinal é PPE!]. Os esquerdistas europeus podem encontrar inspiração em Portugal. Mas terão que ir buscar ideias a outro lado.”
Em síntese: é inequívoco que Portugal está internacionalmente em alta e sob holofotes e é-o também que tal é mérito de um somatório de muitas razões, com a circunstância António Costa à cabeça; é inquestionável a decorrente e crescente responsabilidade do ponto de vista da sustentabilidade de um projeto liderado à esquerda na contracorrente do mainstream europeu; é indesmentível que o caminho é estreito e que algumas opções essenciais começam a chocar de frente entre si, assim como que algumas tentações vão ganhando asas...
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