domingo, 8 de abril de 2018

FOI MADELEINE QUE DISSE …



(A utilização de termos como fascista ou fascizante tem merecido pouco rigor e tenho as maiores cautelas em deixar que a linguagem abandone o rigor. Mas quando as palavras têm origem em Madeleine Albright, o caso muda de figura.)

O artigo de opinião publicado por uma figura incontornável da história da diplomacia americana, Madeleine Albright, no New York Times de 6 de abril de 2018 (link aqui) é um sério aviso à nossa navegação em mares tão alterados e imprevisíveis. O título do artigo é elucidativo, “Will We Stop Trump Before It’s Too Late?” (Será que podemos parar Trump antes de que seja tarde?).

Albright reúne evidência dispersa e conclui que nunca como agora, depois da Segunda Guerra Mundial, as ameaças fascistas estiveram tão nítidas e presentes. Toda esta série de políticos incendiários exigiria segundo Albright uma outra liderança americana que a volatilidade de Trump nunca conseguirá assegurar. A sua análise da diplomacia de Trump é dura, impiedosa, reduzindo-a a um pó incentivador das mais ousadas incursões pelas vias autoritárias e fascizantes, no quadro de uma política que Trump iniciou de cada um a resolver os seus problemas sabe-se com que meios e processos. Albright refere que a rejeição de uma liderança moral por parte dos EUA cria um ambiente favorável a essas incursões, experiências e prolongamentos indefinidos do poder, por mais autoritário e sanguinário que ele seja: “Devemos também refletir sobre a definição de grandeza. Pode uma nação merecer esse título alinhando com ditadores e autocratas, ignorando os direitos humanos, declarando uma espécie de sessão aberta no ambiente, e desdenhando do uso da diplomacia numa altura em que virtualmente qualquer problema sério requer cooperação internacional?”

Aos 80 anos fala quem sabe e a experiência de Albright é um sério aviso às nossas distrações. Em tempos destes diplomacia de cautela e sobretudo pensar duas ou três vezes antes de alinhar com pronunciamentos de incendiários.

Foi Madeleine que disse …

Sem comentários:

Enviar um comentário