(A utilização de termos como fascista ou fascizante tem
merecido pouco rigor e tenho as maiores cautelas em deixar que a linguagem
abandone o rigor. Mas quando as palavras têm origem em Madeleine
Albright, o caso muda de figura.)
O artigo de
opinião publicado por uma figura incontornável da história da diplomacia americana,
Madeleine Albright, no New York Times de 6 de abril de 2018 (link aqui) é um sério aviso à
nossa navegação em mares tão alterados e imprevisíveis. O título do artigo é elucidativo,
“Will We Stop Trump Before It’s Too Late?” (Será que podemos
parar Trump antes de que seja tarde?).
Albright reúne
evidência dispersa e conclui que nunca como agora, depois da Segunda Guerra
Mundial, as ameaças fascistas estiveram tão nítidas e presentes. Toda esta série
de políticos incendiários exigiria segundo Albright uma outra liderança
americana que a volatilidade de Trump nunca conseguirá assegurar. A sua análise
da diplomacia de Trump é dura, impiedosa, reduzindo-a a um pó incentivador das
mais ousadas incursões pelas vias autoritárias e fascizantes, no quadro de uma
política que Trump iniciou de cada um a resolver os seus problemas sabe-se com
que meios e processos. Albright refere que a rejeição de uma liderança moral
por parte dos EUA cria um ambiente favorável a essas incursões, experiências e prolongamentos
indefinidos do poder, por mais autoritário e sanguinário que ele seja: “Devemos também refletir sobre a definição de grandeza. Pode
uma nação merecer esse título alinhando com ditadores e autocratas, ignorando
os direitos humanos, declarando uma espécie de sessão aberta no ambiente, e desdenhando
do uso da diplomacia numa altura em que virtualmente qualquer problema sério requer
cooperação internacional?”
Aos 80 anos
fala quem sabe e a experiência de Albright é um sério aviso às nossas distrações.
Em tempos destes diplomacia de cautela e sobretudo pensar duas ou três vezes
antes de alinhar com pronunciamentos de incendiários.
Foi Madeleine
que disse …
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