(O suplemento do Financial Times FDI Intelligence publica a
lista dos 25 destinos preferenciais em matéria de investimento em atividades de
inteligência artificial e robótica. Oportunidade para refletir de
novo acerca da incessante relação entre fronteira tecnológica e seus seguidores,
moderados ou rápidos.)
A tabela
publicada pelo FDI Intelligence (Financial Times) (link aqui) constitui uma boa aproximação
à dimensão geográfica (cidades e países) da fronteira tecnológica nos domínios
da inteligência artificial e da robótica. Os destinos preferenciais de
localização do investimento direto estrangeiro nestas áreas tecnológicas constituem
uma medida indireta dos “lugares” que comandam a evolução dessa fronteira. Para
um conhecedor dos meandros da geografia do progresso tecnológico não há surpresas
nos destinos de eleição selecionados. Talvez Aberdeen (Escócia) seja a única
surpresa, que indicia a confiança dos escoceses numa provável independência
futura. Não seria difícil encontrar uma correlação forte entre estes destinos preferenciais
de IDE e o peso das exportações de alta tecnologia nas exportações totais dos
países que acolhem as cidades identificadas. Não seria também difícil encontrar
correlações com a dotação de talentos nas áreas das ciências, matemáticas e tecnologias
de informação e com os níveis de emprego altamente qualificado nessas áreas. A Ásia
surge em peso, como seria de esperar face ao que sabemos.
Alguém mais
distraído e seduzido pelo choque digital em Portugal imaginaria bondosa e
ingenuamente que Lisboa estivesse neste grupo, Não está e dificilmente poderia
estar. Portugal limita-se a ser um seguidor moderado das vias de progresso
tecnológico e inovação, poderia ser um seguidor mais rápido, mas os obstáculos
e limitações do investimento público e privado impedem essa passagem a um
estatuto superior de “follower”. Saibamos
nós ser um “follower” rigoroso e capaz, ou seja um país que consegue traçar e sustentar
uma trajetória tecnológica por via da difusão e absorção de progresso tecnológico
vindo da fronteira através das importações de tecnologia. Outros o fizeram,
como outros países como a Coreia do Sul e a Dinamarca, só para falar em
exemplos muito diferenciados o fizeram. O domínio da fronteira continuará a
pertencer aos países de fronteira, com oscilações de comando e estando preparados
para conviver com fronteiras cada vez mais a oriente.
Pés na
terra, convicções persistentes e arte suficiente para desenhar uma trajetória
tecnológica autónoma a partir do acesso a inovações que outros produzem e
lideram é o que precisamos. Não é sedução suficiente? Uma trajetória tecnológica
coerente não se constrói com fogachos.
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