sexta-feira, 27 de abril de 2018

E COMO ESTAMOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ROBÓTICA?


(O suplemento do Financial Times FDI Intelligence publica a lista dos 25 destinos preferenciais em matéria de investimento em atividades de inteligência artificial e robótica. Oportunidade para refletir de novo acerca da incessante relação entre fronteira tecnológica e seus seguidores, moderados ou rápidos.)

A tabela publicada pelo FDI Intelligence (Financial Times) (link aqui) constitui uma boa aproximação à dimensão geográfica (cidades e países) da fronteira tecnológica nos domínios da inteligência artificial e da robótica. Os destinos preferenciais de localização do investimento direto estrangeiro nestas áreas tecnológicas constituem uma medida indireta dos “lugares” que comandam a evolução dessa fronteira. Para um conhecedor dos meandros da geografia do progresso tecnológico não há surpresas nos destinos de eleição selecionados. Talvez Aberdeen (Escócia) seja a única surpresa, que indicia a confiança dos escoceses numa provável independência futura. Não seria difícil encontrar uma correlação forte entre estes destinos preferenciais de IDE e o peso das exportações de alta tecnologia nas exportações totais dos países que acolhem as cidades identificadas. Não seria também difícil encontrar correlações com a dotação de talentos nas áreas das ciências, matemáticas e tecnologias de informação e com os níveis de emprego altamente qualificado nessas áreas. A Ásia surge em peso, como seria de esperar face ao que sabemos.

Alguém mais distraído e seduzido pelo choque digital em Portugal imaginaria bondosa e ingenuamente que Lisboa estivesse neste grupo, Não está e dificilmente poderia estar. Portugal limita-se a ser um seguidor moderado das vias de progresso tecnológico e inovação, poderia ser um seguidor mais rápido, mas os obstáculos e limitações do investimento público e privado impedem essa passagem a um estatuto superior de “follower”. Saibamos nós ser um “follower” rigoroso e capaz, ou seja um país que consegue traçar e sustentar uma trajetória tecnológica por via da difusão e absorção de progresso tecnológico vindo da fronteira através das importações de tecnologia. Outros o fizeram, como outros países como a Coreia do Sul e a Dinamarca, só para falar em exemplos muito diferenciados o fizeram. O domínio da fronteira continuará a pertencer aos países de fronteira, com oscilações de comando e estando preparados para conviver com fronteiras cada vez mais a oriente.

Pés na terra, convicções persistentes e arte suficiente para desenhar uma trajetória tecnológica autónoma a partir do acesso a inovações que outros produzem e lideram é o que precisamos. Não é sedução suficiente? Uma trajetória tecnológica coerente não se constrói com fogachos.

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