domingo, 15 de março de 2020

EVIDÊNCIAS E SINAIS

(Walt Handelsman, https://www.theadvocate.com)

Na ausência de conhecimento bastante para ir mais longe em outro tipo de incursões, opto por alguns elementos informativos reveladores do que nos está a acontecer à escala global e de alguns dos principais impactos extrasanitários e extrassociais já verificados e claramente sinalizadores do “novo futuro” que se anuncia para a economia mundial. Por ordem descendente: (i) a evidência da trajetória da doença após o centésimo caso (um dia far-se-á o estudo exaustivo do desastroso caso italiano por comparação com as capacidades de contenção conseguidas na Coreia do Sul, embora tardiamente, no Japão e, sobretudo, em Singapura e Hong-Kong), além do ressaltar da viragem de 26 de fevereiro (com a China a ser ultrapassada pelo resto do mundo) em número de novos casos diários e da localização da zona mais atingida de Itália; (ii) a evidência de três tipos de efeitos económicos globais – a bolsa (concretamente o índice S&P 500, que conheceu em cinco dias o fim catastrófico do prolongadíssimo post-crisis bull que vinha ocorrendo e teve no dia 12 de março a segunda maior queda diária das últimas décadas para recuperar de modo significativo, embora parcialmente, numa Sexta-Feira 13 que se tornou a décima data histórica de maior crescimento diário do índice, tudo tornando patente o nervosismo e a volatilidade dos mercados), os bancos (entre cortes de taxas diretoras e medidas expansionistas de apoio aos mercados por parte dos bancos centrais e quedas médias da respetiva capitalização bolsista na casa dos 40%) e o petróleo (com os seus preços a caírem brutalmente para níveis já quase desconhecidos ao aproximarem-se dos 30 dólares por barril, fenómeno ainda agravado por uma conflitualidade estratégica entre Arábia Saudita e OPEP, Rússia e EUA); (iii) ainda quanto ao comportamento dos mercados, uma chamada de atenção para dois excelentes vídeos do “Financial Times” (Katie Martin a mostrar-nos que a queda bolsista da última semana foi a mais baixa desde 1933, em tempos de Grande Depressão, e Federica Cocco a sublinhar os 45% de quebra no mercado petrolífero desde o início do ano e a explicar as diferentes vicissitudes associadas à expressão da respetiva oferta e procura); (iv) a evidência de consequências a emergirem na China, desde uma forte diminuição em curso na sua taxa de crescimento (de 7% em fevereiro para 2,3% no corrente mês, segundo a estimativa divulgada por Galvyn Davies a partir dos dados fornecidos por um modelo especializado) e de uma prevista retoma moderada levando a que seja atingida a mais baixa taxa de crescimento de décadas (4,6%), por um lado, até à súbita e extraordinária melhoria dos indicadores de poluição por via da quebra de atividade verificada, por outro. Espero, modestamente, que tudo isto possa ajudar alguns dos nossos leitores a ocuparem algum do seu tempo e, assim, a suportarem mais resignadamente o tal isolamento que se nos impõe.

(a partir de https://www.ft.com)

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