O caso do chumbo pela Assembleia da República do nome de Vitalino Canas (VC) para juiz do Tribunal Constitucional foi um dos acontecimentos que marcaram a passada semana política nacional. Conheço VC desde os tempos em que ele era o secretário de Estado encarregado da Presidência do Conselho de Ministros (ali na Gomes Teixeira e sob a batuta de António Vitorino) do primeiro Governo Guterres, mas confesso que não consegui formar sobre ele uma opinião mais clara e consistente do que a de alguém discreto e de pouca chama, tão mexido no tratamento da intendência quanto fugidio no relacionamento interpares. Também por isso, direi apenas que a sua indicação poderá ter sido imprudente, por diversas ordens de razões que se tornaram evidentes, e que a sua rejeição poderá ter sido uma consequência lógica e previsível de tal imprudência (a ponto de a mesma ter penetrado significativamente a própria bancada do PS – o nome de VC obteve um total de 98 votos favoráveis, enquanto o número de deputados socialistas é de 108! De notar, ainda, que a reação de Ana Catarina Mendes não correspondeu ao que seria de esperar por parte de um líder de bancada sem maioria no hemiciclo. Termino com o sublinhado de que o nosso velho compagnon de route, Luís Afonso, esteve especialmente atento ao assunto e sobre ele foi manifestando leituras verrinosas sem qualquer dó nem piedade. Aqui chegados, será que, num contexto destes e perante toda a argumentação aduzida e a descredibilização pessoal e partidária que dela foi resultando, o PS e VC irão insistir numa reapresentação?
(cartoons de Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)
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