Talvez até que o canhestro primeiro-ministro britânico estivesse respaldado em pareceres científicos credíveis quando ia desvalorizando os riscos do vírus maldito para o seu país e se decidia por ir protelando as medidas preventivas que outros já praticavam. Talvez. Veja-se, aliás, o modo como o jornalista Ricardo Costa tratou o problema no último “Expresso” ao referir que o Reino Unido (e também a Suécia, dizia) adotaram uma estratégia mais gradativa relativamente à dos países que foram na esteira do modelo italiano e se colocaram, mais cedo uns do que outros, em quarentena – cito: “Os ingleses acreditam que o pico epidemiológico só vai ocorrer dentro de 10 a 14 semanas e que os esforços deste lado do Canal da Mancha estão errado. Preferem proteger a população mais idosa e grupos de risco e deixar que o vírus alastre mais um pouco para se conseguir uma espécie de imunidade comunitária.” Seja como for, o certo é que Boris emendou a mão, reconhecendo implicitamente o erro (que, repito, até talvez nem tenha sido essencialmente seu), e passou rapidamente à ação: primeiro o fecho (lockdown) do país e, logo de seguida, o anúncio de medidas tendentes a salvar a economia e sinteticamente traduzidas num “resgate” de 350 mil milhões de dólares. À medida que os acontecimentos forem evoluindo, veremos se este caso confirma que estivemos mesmo perante um lamentável atraso, e com que grau de gravidade em termos de consequências, ou se estamos, ao invés, perante fenómenos tão naturais e tão largamente desconhecidos e, portanto, tão aparentemente aleatórios – até há quem lhes chame “acasos” e há também outros que lhes atribuem motivações do foro divino – que não é verdadeiramente rigoroso admitir que sobre eles possa ser determinável uma qualquer regra absoluta.
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