segunda-feira, 16 de março de 2020

SÓ SE DEVIA FALAR DO QUE SE SABE


Seriam muitas, muitíssimas mesmo, as declarações internacionais e nacionais suscetíveis de serem citadas como irresponsáveis no contexto da grave crise que se abateu sobre o mundo com a terrível irrupção da pandemia do COVID-19. Escolho algumas, cirurgicamente reproduzidas na infografia acima por ordem cronológica (uma cronologia de pouco mais de duas semanas!). De fora, resulta uma amostra fácil: o Trump do risco very low (27 de fevereiro) e do calor que “geralmente mata este tipo de vírus” (10 de março), o Bolsonaro da “pequena crise” e da “muito mais fantasia” (10 de março) e a contrastante Merkel comunicando aos seus concidadãos que 60% a 70% deles irão ser infetados pelo vírus (11 de março) – basta cruzar datas e conteúdos para se entender quem é o quê no plano da procura da verdade a transmitir e do posicionamento estadista. De dentro, opto por reabilitar a incompreendida frontalidade de Graça Freitas (29 de fevereiro) por comparação à triste atitude de dois dos nossos opinion makers, entre a notória ignorância de Henrique Raposo (28 de fevereiro), ele que até não se tem coibido de produzir novas certezas em função do evoluir dos acontecimentos, e a leviandade inconsciente e dogmaticamente determinada em termos políticos de Helena Matos. Neste dia de isolamento social forçado em que aproveitei para pôr várias leituras em dia, passei pela última entrevista concedida por Vasco Pulido Valente (“Egoísta”, outubro 2019) e dela retive desde logo a crueza lúcida do respetivo título – não é que há mesmo coincidências?

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