Ontem a meio da tarde surgiu a primeira notícia potencialmente auspiciosa desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin. E foi através das mensagens sinalizadoras do “Financial Times” que ela foi rapidamente disseminada um pouco por toda a parte. O dito jornal, que é uma verdadeira instituição do mundo livre, volta ao assunto na sua edição de hoje nos termos acima, apontando o essencial: as negociações de paz poderão estar a explorar hipóteses de neutralidade (fala-se de quinze pontos em discussão e dos estatutos da Áustria, da Finlândia e da Suécia como possíveis modelos) mas não deixa de persistir um generalizado ceticismo (com Biden na primeira linha dos descrentes e a aprovar um reforço do armamento da Ucrânia através de um adicional envio de drones e mísseis de longo alcance) quanto à efetiva sinceridade do comprometimento do sanguinário ditador russo.
Com efeito, nada pode levar-nos a crer nessa sinceridade ― esse é, aliás, um dos elementos mais complexos e preocupantes do que poderá ser uma nova ordem internacional em que as relações com a Rússia tenham de ser tidas em conta num quadro, minimalista que seja, de confiança recíproca ― mas se, em vez de irmos assistindo ao desenrolar de uma guerra absurda e destruidora e ao prosseguimento de rondas negociais infrutíferas, começarmos a substituir a violência das “operações militares especiais” de Putin e a sua vaidade pela nova mesa/caixão que possui no Kremlin pelo vislumbre de um esvoaçar de pombas de paz que não sejam meras “amigas imaginárias” na cabeça de crianças perturbadas...
Sem comentários:
Enviar um comentário