sexta-feira, 25 de março de 2022

FUTEBOL E RELIGIÃO

Só há uma maneira de comentar o que ontem vimos no Dragão e essa é a que surge nos títulos maiores de primeira página dos dois maiores jornais desportivos do País: “Deus existe”, por um lado, e “Todos os Santos ajudam”, por outro. Com uma implicação adicional: a de sugerir a Fernando Gomes (presidente da FPF) que renove já vitaliciamente o contrato do selecionador nacional, tal é o grau de patrocínio divino de que ele beneficia ― aquele penalti falhado por Yilmaz aos 85 minutos e a derrota italiana em casa perante a Macedónia do Norte constituíram, se preciso fora, a prova final disso mesmo. Entretanto, e quanto às escolhas do técnico, elas foram apenas semicríticas de início (até acabou por apostar, surpreendentemente, em Diogo Costa e em Otávio!), mas a forma conservadora como montou a segunda parte e o seu cúmulo na substituição de Bruno Fernandes por William Carvalho... valha-nos Deus e a Virgem! Também é facto que a aposta cega em Cristiano Ronaldo deveria ter limites, sobretudo quando ele já não contribui minimamente para o jogo coletivo e/ou se mostra desastroso (e não “tremendo”!) nas partidas, mas isso corresponde a um dogma que nenhum crente alguma vez contrariará. Tudo somado, o resultado foi de feição e preparemo-nos para sofrer na Terça-Feira, mas Deus e os Santos lá estarão certamente para acautelar o que for preciso.

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