O Eurostat divulgou na semana passada os últimos números relativos ao PIB per capita em paridade do poder de compra dos 27 países da União Europeia, acrescentando assim o ano de 2021 à série correspondente ao século XXI. E as evidências deste indicador de nível de desenvolvimento são chocantes na essencial previsibilidade do que nos toca: uma continuidade de perda da posição portuguesa no concerto dos seus parceiros europeus, desta vez revelando por acréscimo os efeitos comparativamente maiores da pandemia por bandas ibéricas.
Os quadros e o gráfico abaixo são por si só elucidativos disso mesmo: Portugal entrou neste século como 15º classificado (com 85,3% do PIBpc europeu) e foi perdendo peso e lugares até atingir a 19ª posição em 2019 (78,6%) e a 21ª em 2021 (74%), tendo sido ultrapassado por vários países da Europa de Leste (entre outros) e, mais recentemente, pela Hungria e pela Polónia nestes dois anos pandémicos, estando já a Roménia na sua esteira (após uma evolução espantosa de menos de 27% em 2000 para quase 73% em 2021); a natureza desta trajetória nacional é semelhante à espanhola (com apenas três lugares para cima de diferença) e apenas se mostra menos impactante do que a que se observou na incrível tragédia grega e que se traduziu numa passagem do país do 14º lugar de 2000 para o 26º de 2021. O quadro final mais abaixo visa uma mera nota sobre o comportamento dos 11 países mais ricos, justificando-se destacar a desgraça italiana (que encaminha o país para níveis de riqueza já ultrapassados por Malta e já próximos de o serem pela Chéquia e Eslovénia).
Caminhos da Europa Central e Oriental que tendencialmente nos conduzem à constatação de uma Europa a várias velocidades (versus significativamente convergente ou apenas two-speed) e caminhos da Europa do Sul que quase nos empurram para uma recuperação adaptada (Itália em vez de Irlanda) daquela maldita designação (PIGS) dos tempos da crise das dívidas soberanas ― “armadilha de crescimento” ou algo muito mais profundo do que isso?
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