Joe Biden visitou a Europa nestes dias, por cá distribuindo o essencial do seu tempo entre Bruxelas (dialogando no seio da NATO e da União Europeia) e Varsóvia (articulando posições e deixando garantias na Polónia e na Ucrânia). Apesar das múltiplas críticas e dúvidas quanto à atuação do presidente americano ― seja por razões associadas à sua avançada idade, seja devido a uma alegada desorientação moribunda grassante no seio da NATO, seja pelo defensismo estratégico que decidiu adotar (vejam-se abaixo as respetivas traduções cartunistas) ―, o certo é que o ponto de vista mais consistente é o de que Biden tem vindo a fazer claramente o essencial do que lhe competia (a “The Economist” fala mesmo de uma indispensable leadership), não se eximindo a assumir-se sem hesitações no seio da Aliança Atlântica ou junto da nação invadida e das potencialmente mais ameaçadas por razões de proximidade.
Coisa diversa é toda uma outra discussão em torno do que foi sendo a lógica do Ocidente face a Vladimir Putin durante os anos e décadas ulteriores à implosão da União Soviética, algo que corresponde a um debate intelectual complexo e de fino corte que nos levaria ao “fim da guerra fria”, à “amizade” com o ditador, à expansão para leste da presença na NATO, à gestão do dossiê nuclear por parte dos EUA e demais potências liberais, à aceitação egoísta e quase tranquila relativamente à dependência energética europeia (e alemã) face à Rússia e aos alargamentos europeus na Europa Central e Oriental, entre vários outros temas que agora não vêm ao caso. Toda uma história da geopolítica mundial dos últimos trinta anos a merecer uma revisitação que agora, quando Inês é já morta, apenas releva para efeitos não despiciendos de organização das cabeças e eventual aprendizagem com as opções problemáticas acontecidas e com os possíveis erros cometidos. Vejam, a propósito, o excelente e esclarecedor documentário em quatro episódios “The Putin Interviews”, com realização de Oliver Stone.
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