sexta-feira, 11 de março de 2022

PUTIN PATINA MAS...

Porque patina Putin, pergunta hoje muito pertinentemente o “Libération”. Com efeito, a segunda potência militar mundial, que parecia absolutamente capaz de tomar a Ucrânia em poucos dias, está há mais de duas semanas a destruir aquele país mas ainda não tomou a sua capital nem deixou de evidenciar fragilidades completamente inesperadas ― o que leva os especialistas a referenciarem a presença simultânea de erros estratégicos, problemas logísticos e falhas estruturais, além de um sistema de comunicação de segurança inutilizável, tudo conduzindo à sua ideia-força de que o exército russo não estava preparado para um conflito da intensidade que este tem vindo a revelar devido à bravura e à inteligência operacional e tática dos invadidos. Dito isto, e não obstante, o editorial daquele jornal francês acaba a concluir que “Vladimir Putin patina mas a sua força de destruição permanece temível”; embora contrapondo ainda que essa força pode efetivamente destruir a Ucrânia mas dificilmente poderá governá-la. Entretanto, a dúvida maior subsiste em torno dos sinais contraditórios que, enquanto se vai divertindo a brincar com o mundo e a ameaçá-lo, o ditador emite em relação ao verdadeiro âmago dos seus objetivos maléficos: parará ele quando fizer capitular a Ucrânia, avançará para outros países não membros da União Europeia (como a Moldávia) ou arriscará mesmo entrar num conflito aberto com a NATO por via de uma provocação a alguns dos seus membros (países bálticos) ou a países amigos (países escandinavos)? É esta a grande e angustiante incerteza que se abate crescentemente sobre todos nós.

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