quarta-feira, 9 de março de 2022

VAMOS ENTÃO A FEIJÓO


A pretexto de um desafio do meu amigo do lado sobre um melhor conhecimento pessoal que eu teria relativamente àquele que será, muito provavelmente, o próximo líder da oposição em Espanha (Alberto Feijóo, AF), confirmo o meu conflito de interesses decorrente do relacionamento que com ele desenvolvi e do modo sempre próximo e decente como ele evoluiu (muito mais por razões de boa educação e saber estar do que pela natureza das representatividades institucionais respetivas, consabidamente altamente desigual). Diria, então, que uma boa forma de caraterizar AF será a que ficou patente no título que o jornal “El Mundo” escolheu para chamada de primeira página da entrevista que lhe fez: “O meu projeto é acabar com a frivolidade. Não quero ser um influencer” ― pois é assim mesmo que o caraterizaria!

 

Estamos, com efeito, perante um político inteligente e focado, ambicioso e desacomodado mas não sôfrego porque frio na sua determinação estratégica (embora também sabendo ser afável e cativante no contacto, bem à imagem do seu maior inspirador, Manuel Fraga Iribarne, igualmente galego), alguém que definiu certamente em termos bem claros na sua cabeça as condições e a forma com que se poderia vir a aproximar do poder central mas se e só se as mesmas se proporcionassem (como parece estar a acontecer).

 

Ou seja, e se estou a ver corretamente as coisas tal como elas subjetivamente se lhe impõem, AF não se apresenta à liderança do PP porque o estão a empurrar ou porque tudo parece facilitado a seu favor ou porque surge como o senhor que se segue numa espécie de último recurso do PP, mas bem mais sofisticadamente porque lhe parece que chegou a hora certa de responder a um desafio significativo e desejado quando, se antes fora cedo em demasia (ele ainda tinha, afinal, de alcançar uma nova maioria absoluta), agora tudo aponta para que depois talvez viesse a ser tarde demais.

 

À guisa de nota final, sinalizo ainda o tópico diverso da sucessão de Feijóo à frente da Xunta. Porque, do que me foi dado observar, o vice-presidente Alfonso Rueda não é um verdadeiro discípulo de AF em todo o seu esplendor, antes sim um homem mais técnico, menos politicamente instintivo e alguém notoriamente mais fadado para ser um excelente e leal número 2 de um líder que aponta os caminhos a trilhar. Daí que, se não me engano muito, a situação política na Galiza vá sofrer mudanças e atravessar a novidade de alguma instabilidade.


(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)

(José Maria Pérez González – “Peridis”, http://elpais.com)

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