quarta-feira, 2 de março de 2022

O RASGÃO

Dramas pessoais de toda a ordem sucedem-se avassaladoramente em notícias e reportagens publicadas em sites noticiosos e nas redes sociais ou sintetizadas nas imagens televisivas que repetidamente nos transmitem o que vão conseguindo percecionar por terras ucranianas. É realmente impressionante a miríade de diferenciadas e desesperadas reações individuais à adversidade que a cada instante nos é dada a conhecer, tudo acabando no melhor dos casos numa fuga para parte incerta, no interior do país ou para fora das suas fronteiras. E, em apenas seis dias, já são mais de um milhão os deslocados internos e cerca de oitocentos mil os refugiados que abandonaram o país (aqui com cerca de metade a saírem para o vizinho maior e relativamente atrativo porque mais rico, a Polónia), sendo infelizmente claro quanto no adro ainda vai a procissão e quanto deste movimento migratório irão resultar consequências muito sérias para a estabilidade da Europa Central e Oriental. Uma crise humanitária que uma União Europeia unida certamente ajudará a minimizar, não sem que sobre si própria acabem por recair também estilhaços não negligenciáveis e que hoje são ainda largamente imprevisíveis, quer no tocante à extensão dos seus efeitos económicos, sociais e políticos quer no tocante à profundidade do seu alcance estratégico ― seja como for, já ninguém duvida da inquestionabilidade da ideia de que nada irá ficar como antes.



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