sábado, 2 de fevereiro de 2013

CONTRA O CLIMA DE SUSPEIÇÃO



Não vou discutir se a remodelação de secretários de Estado é uma operação de cosmética ou mais do que isso. A opção inicial dos mega-ministérios entalou definitivamente o governo, pois qualquer remodelação mais profunda implicaria alterações de leis orgânicas que estariam provavelmente prontas quando estivesse de retirada. A meu ver, tal erro crasso é irreversível e o Governo terá de se amanhar, por isso, com as consequências dessa decisão.
Queria antes aproveitar para denunciar o insuportável clima de suspeição que pesa sobre o novo secretário de Estado da competitividade, inovação e empreendedorismo, Franquelim Alves e a hipocrisia que grassa sobre o arremedo de combate político que se faz por aí.
Sejamos claros: uma coisa é o “affair BPN”, outra bem diferente é a massa de profissionais competentes que tiveram o azar de inscrever parte da sua experiência profissional na referida instituição. Se há profissionais implicados no desvario megalómano de Oliveira e Costa o processo judicial que os identifique e que os condene. Ponto. Aplicar a todos os profissionais que passaram pela instituição o anátema da suspeição é típico de quem reduz o combate político a processos de intenção, regra geral de que não têm mais nada para dizer. Se Franquelim Alves ocultou ou não a sua passagem pelo grupo é coisa que o próprio terá de explicar, mas não é esse o centro da questão.
Aliás, o melhor indicador da hipocrisia do combate político associado a esta questão é o facto de Franquelim Alves ter gerido, já nesta maioria e durante algum tempo, o maior programa de apoios e incentivos com cofinanciamento comunitário às empresas, o chamado programa COMPETE.
Porquê só agora todo este frenesim?
O cargo parece enguiçado. O antecessor, com ego ilimitado, autoelogia-se desmedidamente na despedida e a anuncia reformas invisíveis. O novo responsável, mesmo antes de ter expresso uma única ideia sobre temas tão relevantes para a economia portuguesa, já é capa de jornal e arranque de noticiários televisivos e radiofónicos.
Poupem-me.

Sem comentários:

Enviar um comentário