Não vou discutir se a
remodelação de secretários de Estado é uma operação de cosmética ou mais do que
isso. A opção inicial dos mega-ministérios entalou definitivamente o governo,
pois qualquer remodelação mais profunda implicaria alterações de leis orgânicas
que estariam provavelmente prontas quando estivesse de retirada. A meu ver, tal
erro crasso é irreversível e o Governo terá de se amanhar, por isso, com as consequências
dessa decisão.
Queria antes aproveitar para
denunciar o insuportável clima de suspeição que pesa sobre o novo secretário de
Estado da competitividade, inovação e empreendedorismo, Franquelim Alves e a
hipocrisia que grassa sobre o arremedo de combate político que se faz por aí.
Sejamos claros: uma coisa é
o “affair BPN”, outra bem diferente é a massa de profissionais competentes que
tiveram o azar de inscrever parte da sua experiência profissional na referida
instituição. Se há profissionais implicados no desvario megalómano de Oliveira e
Costa o processo judicial que os identifique e que os condene. Ponto. Aplicar a
todos os profissionais que passaram pela instituição o anátema da suspeição é típico
de quem reduz o combate político a processos de intenção, regra geral de que não
têm mais nada para dizer. Se Franquelim Alves ocultou ou não a sua passagem
pelo grupo é coisa que o próprio terá de explicar, mas não é esse o centro da
questão.
Aliás, o melhor indicador da
hipocrisia do combate político associado a esta questão é o facto de Franquelim
Alves ter gerido, já nesta maioria e durante algum tempo, o maior programa de
apoios e incentivos com cofinanciamento comunitário às empresas, o chamado
programa COMPETE.
Porquê só agora todo este
frenesim?
O cargo parece enguiçado. O
antecessor, com ego ilimitado, autoelogia-se desmedidamente na despedida e a
anuncia reformas invisíveis. O novo responsável, mesmo antes de ter expresso
uma única ideia sobre temas tão relevantes para a economia portuguesa, já é
capa de jornal e arranque de noticiários televisivos e radiofónicos.
Poupem-me.
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