quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

UM ILUSÓRIO DÉRBI IBÉRICO


 
Vendo a primeira página do “El Economista” (excerto acima), ocorreu-me trazer para aqui um daqueles exercícios de mera aritmética que tanto arrepiam e irritam o nosso bom ministro Gaspar, aliás pessoa hoje digna dos maiores encómios por se ter finalmente decidido a confessar as suas culpas.
 
Já que as nossas autoridades tanto gostam de insistir em que Portugal não é a Grécia, façamos-lhes então a vontade e retratemo-nos preferencialmente ao lado dos nossos vizinhos (segundo gráfico). Podemos assim constatar quanto a diferença de tamanho existente entre os dois irmãos ibéricos (o mano grande é 4 a 5 vezes maior do que o mano pequeno) contribui para escamotear aquela que parece ser uma semelhança fundamental no perfil dos respetivos comportamentos comerciais externos: os gráficos, que se reportam apenas ao mais recente período de crise, mostram que as exportações cresceram quase 17% em Portugal e quase 18% em Espanha, que as importações de 2012 ficaram respetivamente a níveis de 87% e 89% em relação às de 2008 e que os défices comerciais de ambos os países atingiram no ano transato os seus mínimos desde a adesão ao euro.
 
Só que não deixa de também ser verdade que há aparências que iludem. Reparemos, por exemplo, no facto de o diferencial de valor atual dos défices comerciais se situar numa escala de 1 (Portugal) para 3 (Espanha) e, sobretudo, no facto de os seus pesos relativos (i.e., ponderados pelos PIBs nacionais) traduzirem gravidades desigualmente marcantes (menos 6,4% em Portugal contra menos 2,9% em Espanha) e tenderem a ser reveladores de potenciais produtivos profundamente incomparáveis…

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