Vendo a primeira página do “El
Economista” (excerto acima), ocorreu-me trazer para aqui um daqueles exercícios
de mera aritmética que tanto arrepiam e irritam o nosso bom ministro Gaspar, aliás
pessoa hoje digna dos maiores encómios por se ter finalmente decidido a
confessar as suas culpas.
Já que as nossas autoridades tanto gostam
de insistir em que Portugal não é a Grécia, façamos-lhes então a vontade e retratemo-nos
preferencialmente ao lado dos nossos vizinhos (segundo gráfico). Podemos assim
constatar quanto a diferença de tamanho existente entre os dois irmãos ibéricos
(o mano grande é 4 a 5 vezes maior do que o mano pequeno) contribui para
escamotear aquela que parece ser uma semelhança fundamental no perfil dos respetivos
comportamentos comerciais externos: os gráficos, que se reportam apenas ao mais
recente período de crise, mostram que as exportações cresceram quase 17% em
Portugal e quase 18% em Espanha, que as importações de 2012 ficaram respetivamente
a níveis de 87% e 89% em relação às de 2008 e que os défices comerciais de
ambos os países atingiram no ano transato os seus mínimos desde a adesão ao
euro.
Só que não deixa de também ser verdade que
há aparências que iludem. Reparemos, por exemplo, no facto de o diferencial de valor
atual dos défices comerciais se situar numa escala de 1 (Portugal) para 3
(Espanha) e, sobretudo, no facto de os seus pesos relativos (i.e., ponderados
pelos PIBs nacionais) traduzirem gravidades desigualmente marcantes (menos 6,4% em
Portugal contra menos 2,9% em Espanha) e tenderem a ser reveladores de potenciais
produtivos profundamente incomparáveis…
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