Começa finalmente a ser
possível compreender ao que vem a candidatura de Rui Moreira. A publicação do manifesto
à Cidade e do conjunto de personalidades que o subscrevem permite finalmente começar
a apreender os eventuais aspetos diferenciadores da candidatura que partirá (?)
a maioria no poder.
O manifesto é curto mas de
largo espectro. Como não poderia deixar de ser (atendendo à mesma ambição da
candidatura de Luís Filipe Meneses), também abre com a ideia da metrópole
influente, afirmando-se como o polo mais dinâmico do país, embora lhe introduza
a questão da relação em rede com a região (provavelmente um blá-blá partilhado por todos os candidatos).
Em termos de comunicação, há
algumas ideias bem esgalhadas: o “dar o Porto ao manifesto”, o “Porto moda, o
Porto muda”, o “Porto marca e a marca Porto” (que permite ambiguidade que baste
com o FCP) e o “de Porto a Porto” para introduzir as questões da
intergeracionalidade e do cosmopolitismo. Quanto ao “Contas certas, à moda do
Porto”, seria preferível que o manifesto assumisse frontal e explicitamente que
se trata de prolongar a consolidação orçamental de Rui Rio e a sua política de
moderação de gastos. Mas “contas à moda do Porto” constitui uma formulação
indireta de princípios de “accountability”.
Por isso, seria interessante que a candidatura explicitasse de que modo
pretende iniciar um ciclo de maior transparência na explicitação e visibilização
das opções de orientação da despesa municipal.
A lista de subscritores é de
respeito e, sobretudo, de elite. É evidente que há um certo enviesamento pró área
ocidental da Cidade, ou seja, há uma concentração de personalidades na área da
Foz, mas não será por isso que vem mal ao mundo. Curiosa a fratura de apoios na
Universidade Católica do Porto (Joaquim Azevedo com Meneses, Alberto Castro, Álvaro
Nascimento e Azeredo Lopes com Rui Moreira).
Mas o que parece importante
explicitar nos próximos tempos será como, com contas à moda do Porto, ou seja
com moderação de gastos e equilíbrio orçamental, o projeto de Rui Moreira fará
as suas escolhas para acomodar as ideias centrais do manifesto. Destaco a ideia
central da atração do investimento direto estrangeiro transformador e
estruturante e aqui o fundamental será projetar o modo como o Porto e a tal
região em rede poderão contribuir para um novo ciclo de investimento direto
estrangeiro em Portugal, agora definitivamente desligado do sistema financeiro
e imobiliário que caracterizou o ciclo (agonizante) anterior.
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