domingo, 24 de fevereiro de 2013

DÁ QUE PENSAR …





Domingo intenso de trabalho (que porra de profissão esta!), ainda mergulhado nas singularidades do Modelo Social Europeu em Portugal para a reunião na OIT de 28 de fevereiro e 1 de março de 2013.

Pouco tempo por isso para “blogar”, a não ser para reter alguns aspetos do desemprego em Portugal.

Em 2012, do desemprego massivo registado nos Centros de Emprego ainda 60% tinha apenas como qualificação o ensino básico, ou seja 9 anos de escolaridade ou qualquer modalidade equivalente. Grande parte desta realidade é o resultado de altas taxas de abandono escolar observadas pelo menos até metade da década de 2000-2010 e da probabilidade elevada dos abandonos encontrarem trabalho desqualificado e de baixo salário, numa cumplicidade extrema entre o abandono precoce e estratégias empresariais baseadas no trabalho mal pago. Os números do desemprego revelados pelo gráfico que abre este post precipitam-se quando essa probabilidade de encontrar esse emprego se reduz dramaticamente com a desalavancagem que atinge esses setores mais propensos a tais estratégias.

Com 60% do desemprego ainda registado só com educação básica uma de duas situações pode ocorrer: ou o sistema de formação consegue resultados apreciáveis de intervenção em matéria de ativação deste volumoso grupo recriando novas qualificações ou, caso contrário, uma grande parte do desemprego registado permanecerá no desemprego de longa duração, agravando ainda mais a fatura social. Pela maneira displicente como a atual maioria tratou o tema das Novas Oportunidades, fazendo tábua rasa das modalidades de educação-formação (com dupla certificação) que atravessaram aquela iniciativa, é de esperar o pior.

O gráfico abaixo descreve a evolução da taxa de desemprego nos últimos anos por nível educativo dos desempregados. Aqui o que importa notar é o recrudescimento das taxas de desemprego dos indivíduos com formação secundária e com superior. Mas nestes casos, a probabilidade de reintegração no mercado de trabalho é mais elevada pelo menos para as profissões mais favorecidas pela mudança estrutural da economia portuguesa para os setores transacionáveis. A explicação do aumento da taxa de desemprego de indivíduos com formação superior é matéria para outros voos.


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