segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OS FLUXOS DO DESEMPREGO

(Estatísticas do Emprego, 4º trimestre 2012, INE: pág. 9)


Os valores descontrolados do desemprego que as Estatísticas do Emprego do 4º trimestre de 2012 trouxeram a público ofuscaram algumas das informações mais relevantes disponibilizadas pelo referido inquérito do INE.
Como tenho vindo a insistir, não só a taxa de desemprego é um indicador relevante para compreender o descontrolo que o governo tem vindo a evidenciar, sobretudo da previsão da relação entre o comportamento do produto e do emprego/desemprego. Uma outra informação muito relevante é dada pelos fluxos que se observam entre as três situações cruciais face ao mercado de trabalho – o emprego, o desemprego e a inatividade.
O quadro publicado pelo INE que abre como imagem este post apresenta esses fluxos para a variação ocorrida entre o 3º e o 4º trimestre de 2012.
É particularmente relevante observar o comportamento dos fluxos que têm origem nas situações de desemprego e de inatividade. Assim, a percentagem de desempregados que evolui de uma situação de desemprego para uma de inatividade (17%) superou já na transição do 3º para o 4º trimestre a percentagem que recuperou a situação de emprego (15,2%). A esmagadora maioria dos desempregados permaneceu, entretanto, em situação de desemprego. Já quanto aos inativos, só cerca de 4,7% passa diretamente a uma situação de emprego, 4,1% dá mostra de procurar emprego e queda-se pelo desemprego e a esmagadora maioria dos inativos permanece inativo.
O fenómeno do abandono do mercado de trabalho de uma situação de desemprego para uma outra de inatividade é ligeiramente mais marcante nas mulheres.
Esclareça-se que é o grupo dos homens dos 35 aos 44 anos que regista entre os inativos o maior crescimento entre 2011 e 2012 (+20,2%), totalizando em 2012 54.200 indivíduos com essa idade. Outra referência saliente é o aumento do número de inativos disponíveis que não procuram emprego (+34,9%), sobretudo à custa dos homens cuja categoria aumentou de 172.000 para 232.100 indivíduos.
Oculta nestes dados está a pronunciada queda do produto potencial da economia portuguesa, induzida pelos efeitos de desincentivo à participação no mercado de trabalho que o prolongamento recessivo tende a provocar, dificultando a prazo a recuperação desse produto potencial.
Não surpreendentemente, a taxa de atividade da população com 15 e mais anos desce em todas as regiões portuguesas de 2011 para 2012.

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