(Estatísticas do Emprego, 4º trimestre 2012, INE: pág. 9)
Os valores descontrolados do
desemprego que as Estatísticas do Emprego do 4º trimestre de 2012
trouxeram a público ofuscaram algumas das informações mais relevantes disponibilizadas
pelo referido inquérito do INE.
Como tenho vindo a insistir,
não só a taxa de desemprego é um indicador relevante para compreender o
descontrolo que o governo tem vindo a evidenciar, sobretudo da previsão da
relação entre o comportamento do produto e do emprego/desemprego. Uma outra
informação muito relevante é dada pelos fluxos que se observam entre as três situações
cruciais face ao mercado de trabalho – o emprego, o desemprego e a inatividade.
O quadro publicado pelo INE
que abre como imagem este post
apresenta esses fluxos para a variação ocorrida entre o 3º e o 4º trimestre de
2012.
É particularmente relevante
observar o comportamento dos fluxos que têm origem nas situações de desemprego
e de inatividade. Assim, a percentagem de desempregados que evolui de uma
situação de desemprego para uma de inatividade (17%) superou já na transição do
3º para o 4º trimestre a percentagem que recuperou a situação de emprego (15,2%).
A esmagadora maioria dos desempregados permaneceu, entretanto, em situação de
desemprego. Já quanto aos inativos, só cerca de 4,7% passa diretamente a uma
situação de emprego, 4,1% dá mostra de procurar emprego e queda-se pelo
desemprego e a esmagadora maioria dos inativos permanece inativo.
O fenómeno do abandono do
mercado de trabalho de uma situação de desemprego para uma outra de inatividade
é ligeiramente mais marcante nas mulheres.
Esclareça-se que é o grupo
dos homens dos 35 aos 44 anos que regista entre os inativos o maior crescimento
entre 2011 e 2012 (+20,2%), totalizando em 2012 54.200 indivíduos com essa
idade. Outra referência saliente é o aumento do número de inativos disponíveis
que não procuram emprego (+34,9%), sobretudo à custa dos homens cuja categoria aumentou
de 172.000 para 232.100 indivíduos.
Oculta nestes dados está a
pronunciada queda do produto potencial da economia portuguesa, induzida pelos
efeitos de desincentivo à participação no mercado de trabalho que o prolongamento
recessivo tende a provocar, dificultando a prazo a recuperação desse produto
potencial.
Não surpreendentemente, a
taxa de atividade da população com 15 e mais anos desce em todas as regiões
portuguesas de 2011 para 2012.
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