segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

OUTRA OBRA-PRIMA DE TARANTINO

 
“Django Unchained” (“Django Libertado”, por cá), mais um filme estrondoso de Quentin Tarantino!
 
Não haverá provavelmente na história do Cinema um realizador que tão magistralmente tenha sabido conjugar um imenso talento técnico com uma imaginação tão fulgurante, subversiva, afoita e otimista. À genial reescrita da história da 2ª Guerra Mundial de “Sacanas Sem Lei” sucede agora o eterno fantasma americano da escravatura.
 
Na magnífica entrevista que concedeu a Francisco Ferreira, publicada na “Actual” (“Expresso” de 19 de janeiro), é o próprio que assim se explica, cristalinamente: “Descobri que a catarse nos meus filmes tem dois efeitos: reage comigo, como cidadão e autor, porque permite-me observar os erros da História e ‘corrigi-los’ no ecrã; e reage com o espectador, que vai poder identificar-se com as personagens e vibrar pela sua causa. É por isso que digo que ‘Django…’ é o filme que sempre sonhei ver. O meu herói vem para vingar o sofrimento histórico dos negros americanos.
 
Deixo aos especialistas o encargo de se pronunciarem sobre os detalhes, que serão infindáveis, e limito-me a quatro observações – a perfeição do argumento, a soberba qualidade da interpretação, especialmente do trio Christoph Waltz, Samuel L. Jackson e Leonardo DiCaprio, a tocante beleza da imagem e a infalível conformidade da música – e dois registos – a simbólica presença do Django de Sergio Corbucci, Franco Nero, e o irresistível apelo aos wagnerianos amores de Siegfried e Brünnhilde, com a princesa convertida em escrava negra e o dragão dissimulado no velho escravo pessoal de Calvin (Stephen).
 
Eis quanto basta, porque o resto é um tal prazer – “for fun”, com Tarantino – que só vendo. “Numa sala perto de si”…

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