“Django Unchained” (“Django Libertado”, por cá), mais um filme estrondoso
de Quentin Tarantino!
Não haverá provavelmente na história do Cinema um realizador que tão
magistralmente tenha sabido conjugar um imenso talento técnico com uma
imaginação tão fulgurante, subversiva, afoita e otimista. À genial reescrita da
história da 2ª Guerra Mundial de “Sacanas Sem Lei” sucede agora o eterno fantasma
americano da escravatura.
Na magnífica entrevista que concedeu a Francisco Ferreira,
publicada na “Actual” (“Expresso” de 19 de janeiro), é o próprio que assim se
explica, cristalinamente: “Descobri que a catarse nos meus filmes tem dois
efeitos: reage comigo, como cidadão e autor, porque permite-me observar os
erros da História e ‘corrigi-los’ no ecrã; e reage com o espectador, que vai
poder identificar-se com as personagens e vibrar pela sua causa. É por isso que
digo que ‘Django…’ é o filme que sempre sonhei ver. O meu herói vem para vingar
o sofrimento histórico dos negros americanos.”
Deixo aos especialistas o encargo de se pronunciarem sobre os
detalhes, que serão infindáveis, e limito-me a quatro observações – a perfeição
do argumento, a soberba qualidade da interpretação, especialmente do trio
Christoph Waltz, Samuel L. Jackson e Leonardo DiCaprio, a tocante beleza da
imagem e a infalível conformidade da música – e dois registos – a simbólica presença
do Django de Sergio Corbucci, Franco Nero, e o irresistível apelo aos wagnerianos
amores de Siegfried e Brünnhilde, com a princesa convertida em escrava negra e o
dragão dissimulado no velho escravo pessoal de Calvin (Stephen).
Eis quanto
basta, porque o resto é um tal prazer – “for fun”, com Tarantino – que só vendo.
“Numa sala perto de si”…
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