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O artigo de Javier Pérez Royo no El País de hoje é bem
ilustrativo do clima de descredibilização que atinge o executivo do PP em pleno
exercício do poder, com todos os focos direcionados para o presidente do
Governo Mariano Rajoy.
O caso Bárcenas já aqui
analisado continua a pairar sobre a cabeça de Rajoy, pelo menos do ponto de
vista da sua credibilidade política. O caderninho da contabilidade paralela de
Bárcenas faz o seu caminho político, embora possa esfumar-se como elemento de
prova para efeitos de criminalização dos factos envolvidos neste processo, já
que o documento publicado pelo El País
e entregue às autoridades é uma fotocópia do alegado caderno original. Mas o PP
navega de enrascada em enrascada. Assim, ao contrário do inicialmente referido,
surgem agora a público elementos que sugerem que afinal Bárcenas não foi na prática
destituído do seu cargo de tesoureiro. Tudo indica que os pagamentos realizados
pelo partido a Bárcenas em 2011 e 2012 correspondem a um salário normal e não a
uma indemnização de fim de linha (que os espanhóis designam deliciosamente de “finiquito”)
repartida por aqueles dois anos. Se nos recordarmos que Bárcenas foi imputado
em 2009 por corrupção, quanto mais se mergulha no caso mais a posição do PP
perde credibilidade.
Pérez Royo desmonta
contundentemente a fragilização em que o executivo está mergulhado,
precisamente numa altura em que a credibilização de quem toma decisões tem de
estar acima de qualquer suspeita: “Ninguém pode governar, em democracia, quando
a sua palavra perdeu todo o valor e quando, em vez de ir ao encontro dos cidadãos,
tem de fugir deles”.
O argumento de que uma
eventual resignação de Rajoy poria em causa todo o delicado processo de
ajustamento da economia espanhola é uma completa falácia, sobretudo do ponto de
vista dos custos que uma descredibilização desta magnitude representa para uma
democracia cada vez mais fragilizada.
A estabilidade política tem
limites, lá como cá.
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