A publicação pelo INE dos dados relativos ao comércio internacional reportados a dezembro de 2012 permite
confirmar suspeitas que muitos tinham já antecipado. Permitem ainda reiterar a
ideia por várias vezes aqui reiterada de que o futuro do ajustamento macroeconómico
da economia portuguesa está indissociavelmente ligado à inépcia com que a
recessão europeia está a ser atacada.
O que é que os dados agora
publicados nos trazem de novo?
O comportamento das exportações
observado no mês de dezembro passado revela uma profunda desaceleração da dinâmica
até então observada: variações negativas de 3,2 % em relação ao mês homólogo e
de 18,2% relativamente a novembro passado. Mas o que é verdadeiramente
ilustrativo é que essa queda acontece no comércio com a União Europeia (21,7%
em relação a novembro passado), já que para o exterior desta última as exportações
continuam a aumentar face a novembro passado.
Ou seja, em termos claros, não
pode dizer-se que as exportações portuguesas não estejam resilientes. Interessaria
contudo analisar se o comportamento favorável das exportações para o exterior
da União Europeia se centra sobretudo nos países de expressão portuguesa ou se,
pelo contrário, outros mercados emergentes estão a protagonizar essa resiliência.
Mas apesar destas interrogações,
uma coisa parece emergir com nitidez: a inépcia macroeconómica da União
Europeia, contribuindo para um alongamento insuportável das condições
recessivas, tende a penalizar fortemente os processos de ajustamento das
economias sob resgate financeiro para as quais as exportações são a única fonte
de energia possível. O que me conduz ao argumento central que tenho vindo a
assinalar: o penoso ajustamento português só se resolve no âmbito de uma
abordagem global á questão europeia, por mais disciplinados que possamos nos
apresentar a juízo.
Nos dados agora
apresentados, uma notícia muito positiva: o crescimento homólogo das exportações
no último trimestre de 2012 teve na maquinaria, outros bens de capital e seus
acessórios a maior taxa de crescimento (15,2%). Algo está a mudar de facto na
composição das exportações.
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