segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

UMA QUEDA ANUNCIADA



A publicação pelo INE dos dados relativos ao comércio internacional reportados a dezembro de 2012 permite confirmar suspeitas que muitos tinham já antecipado. Permitem ainda reiterar a ideia por várias vezes aqui reiterada de que o futuro do ajustamento macroeconómico da economia portuguesa está indissociavelmente ligado à inépcia com que a recessão europeia está a ser atacada.
O que é que os dados agora publicados nos trazem de novo?
O comportamento das exportações observado no mês de dezembro passado revela uma profunda desaceleração da dinâmica até então observada: variações negativas de 3,2 % em relação ao mês homólogo e de 18,2% relativamente a novembro passado. Mas o que é verdadeiramente ilustrativo é que essa queda acontece no comércio com a União Europeia (21,7% em relação a novembro passado), já que para o exterior desta última as exportações continuam a aumentar face a novembro passado.
Ou seja, em termos claros, não pode dizer-se que as exportações portuguesas não estejam resilientes. Interessaria contudo analisar se o comportamento favorável das exportações para o exterior da União Europeia se centra sobretudo nos países de expressão portuguesa ou se, pelo contrário, outros mercados emergentes estão a protagonizar essa resiliência.
Mas apesar destas interrogações, uma coisa parece emergir com nitidez: a inépcia macroeconómica da União Europeia, contribuindo para um alongamento insuportável das condições recessivas, tende a penalizar fortemente os processos de ajustamento das economias sob resgate financeiro para as quais as exportações são a única fonte de energia possível. O que me conduz ao argumento central que tenho vindo a assinalar: o penoso ajustamento português só se resolve no âmbito de uma abordagem global á questão europeia, por mais disciplinados que possamos nos apresentar a juízo.
Nos dados agora apresentados, uma notícia muito positiva: o crescimento homólogo das exportações no último trimestre de 2012 teve na maquinaria, outros bens de capital e seus acessórios a maior taxa de crescimento (15,2%). Algo está a mudar de facto na composição das exportações.

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