domingo, 17 de fevereiro de 2013

REHN = RIDÍCULO



Já se sabia que o Comissário Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelas questões macroeconómicas, é um dos tais casos ilustrativos da trajetória descendente em termos de robustez de ideias em que a tecnoestrutura bruxelense está mergulhada desde há algum tempo.
Olli Rehn é o representante mais óbvio de toda a ideologia macroeconómica que sustenta a Comissão Europeia do ponto de vista da abordagem à crise do Euro e das dívidas soberanas. Sabe-se ao que vem. Mas esta semana a sua agremiação ideológica tornou-se mais clara e caiu no ridículo de uma grande parte dos economistas americanos.
Ora, o inefável Rehn dirigiu uma carta aos ministros das Finanças europeus maldizendo o debate suscitado pelo economista-chefe do FMI Olivier Blanchard, no âmbito do qual se apresentava evidência segura de que a Comissão Europeia e o próprio FMI subavaliaram os efeitos recessivos das políticas de consolidação fiscal ensaiadas como meio de ataque à crise das dívidas soberanas. Nessa carta, Rhen tem o desplante (só justificado pela defesa da agremiação ideológica que serve com devoção) de afirmar que o debate suscitado pelo artigo de Blanchard não foi útil e que poderia contribuir para a queda da confiança sobre a bondade e robustez de tais medidas. Numa altura em que se torna evidente que a economia europeia dificilmente recuperará tão depressa da incapacidade de compreender os riscos deflacionários e os limites de uma política de contração fiscal com taxas de juro próximas de zero, o topete de Olli Rehn em negar as evidências e a seriedade dos economistas que ousaram questionar a orientação em curso mostra bem como a Comissão Europeia não é uma entidade inocente. Certamente contraditória, mas inocente e tecnocrática é que não é.
Vários economistas como Bradford DeLong, Jonathan Portes, Krugman e muitos outros têm evidenciado o ridículo desta negação do debate, entendido como fator de degradação da confiança na bondade das políticas de austeridade.
As palavras de Krugman são uma boa denúncia dos perigos de atribuir poder a este tipo de gente: “estes sinais de desespero são gratificantes. Infelizmente, estas pessoas já causaram imensos danos e ainda conservam o poder para fazer muitos mais”.

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