quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

STIEG LARSSON, MY FRIEND



Fruto de uma espera na ponte ferroviária do Porto-Lisboa, uma curta passagem pela FNAC do Vasco da Gama colocou-me nas mãos o livro de Kurdo Baksi centrado na sua proximidade a Stieg Larsson, autor da célebre trilogia Millennium. Tinha-me escapado e ainda bem que o recuperei.
O personagem Stieg Larsson fascina-me mais do que a leitura obsessiva da trilogia que me ocupou uns dias de Agosto. A biografia mais ou menos intimista que Baksi elaborou do amigo próximo é preciosa para entender alguns contornos da trilogia que despertaram em muitos dos seus leitores compulsivos surpresas inesperadas sobre a sociedade sueca.
A biografia de Baksi analisa em pormenor o roteiro de Larsson como ativista implacável na denúncia do crescimento larvar do racismo e do neonazismo na sociedade sueca. Ao fazê-lo, oferece-nos elementos preciosos para compreender as várias dimensões da disseminação desses dois fenómenos, relacionando-os com vários quadrantes da sociedade sueca. Livro pequeno que quase devorei nas duas horas e quarenta e cinco da viagem, Stieg Larsson, My Friend constitui estranhamente uma espécie de guião contextualizador da obsessiva trilogia que me atormentou alguns dias de Agosto.
Há um poema de Raymond Carver (outra das minhas fixações) que atravessa a biografia, também ele escrito por Carver antes da sua morte, que fecha bem este post:

“And did you get what
you wanted from this life, even so?
I did.
And what did you want?
To call myself beloved, to feel myself
Beloved on the earth”

Sem comentários:

Enviar um comentário