quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CANHESTROS


Assim se batiza na minha terra gente deste quilate, especialmente se não se lhe quiser atribuir outros tipos de intenções (o que também não é de excluir). Primeiro, era cumprir religiosamente e aumentar os impostos para absolvição e castigo perante o pecado mortal do consumo acima das possibilidades. Depois, foi cumprir sagradamente e cortar nos salários e pensões para honrar devidamente o bom nome nacional perante os credores. Em seguida, tratou-se de continuar a cumprir para possibilitar o acesso aos mercados em 2014 e assim nos livrar das limitações do protetorado. Sempre incumprindo embora, mês após mês…

Após a saída de Gaspar e a crise política subsequente, Portas renasceu das cinzas e trouxe consigo o amigo Pires (notoriamente mais contido) e a tutela da ministra das Finanças. Antes das férias, ainda quis percorrer algumas capitais (sem que nada de útil tenha transpirado) e, passadas aquelas, deu um arzinho da sua graça ao vir defender um alargamento do défice de 2013 em 0,5%, com Passos a dizer nim e a Comissão a dizer não. Esta semana, já com os homens da Troika em Lisboa, Pires finalmente reapareceu para criticar a não correspondência entre os discursos e a prática daquelas instituições e o novo imperador do PSD logo saltou a terreiro para denunciar a hipocrisia do FMI. Terá chegado a hora do “agarrem-me senão eu mato-os” em versão papel de jornal?

Nos interstícios, sempre, a estafada história que nos quer encostar à Irlanda e desligar da Grécia. Assim fora! A realidade da confiança comparada nas finanças dos países mais pressionados da Zona Euro, ao dia de ontem, era a que o quadro abaixo elucida (através do registo do valor do último yield da dívida pública e da evolução do mesmo em relação à média do último ano) e o mapa confirma. Com a Espanha – porque será que nunca consigo evitar estas menções subliminares ao PEC 4? – a atingir o nível mais baixo dos últimos dois anos e já melhor do que a Itália (dezoito meses depois) e com a Irlanda aqui tão próxima (!), c.q.d. afinal…

 

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