sexta-feira, 13 de setembro de 2013

PORTO: BOAS CONTAS, CONTAS BOAS…


Capa e contracapa do desdobrável que ontem estava depositado na minha caixa de correio. Nada mais, nada menos do que o balanço/testamento de Rui Rio por ele próprio. Um folheto de dezasseis páginas que é enviado a título de informação aos munícipes e que traduz, de modo absolutamente cristalino, a insignificância de um entendimento da coisa política.

A abrir, uma mensagem do comandante com palavras de “louva a mim” e uma foto em que se mostra devidamente enfeitado com a sua comenda. Depois, quatro páginas sobre a situação patrimonial, entre ativo fixo e circulante, fundos próprios e passivo, disponibilidades e imobilizações, provisões e acréscimos, índices de solvência e outros. De seguida, uma página sobre a situação económica (demonstração de resultados) e outra sobre a situação patrimonial e económica a 30 de junho de 2013. A terminar, nove páginas sobre a evolução de indicadores devidamente selecionados, entre os quais a redução de 3431 para 2556 do número de colaboradores da Câmara, as despesas com corte muito significativo (como horas extraordinárias ou ajudas de custo), o recorrente prazo médio de pagamento a fornecedores e vários elementos sobre a estonteante obra de diminuição do endividamento municipal e da dívida.

De notar que apenas na última página do documento se refere algo sobre a substância, ou seja, sobre o investimento municipal realizado. Ainda assim, ela surge apresentada em termos tão acumulados e excessivamente agregados que deixam praticamente de fora quaisquer possibilidade de avaliações da estratégia definida e da hierarquização de prioridades estabelecida, apenas permitindo evidenciar os quase 174 milhões canalizados para a habitação social, os mais de 88 afetados à Águas do Porto, os mais de 50 pagos pelos terrenos do Parque da Cidade (“na sequência da inexplicável sentença judicial” – ou de uma teimosia absurda?) e os mais de 36 alocados a escolas. Sendo que nos é também deixada a explicação (?) de que quase 50% dos 673 milhões de euros investidos na cidade desde 2002 o foram em “diversos”…

Desta “Informação aos Munícipes” tão exaustivamente descrita em linguagem hermeticamente técnica (e de óbvia opacidade para a maioria dos cidadãos), retira o seu principal responsável a conclusão final que a contracapa tão axiomaticamente ilustra: menos dívida, menos impostos, mais qualidade de vida. Com esta a ser ainda subdividida em mais animação e cultura, mais coesão social, mais reabilitação, mais educação e mais turismo. Um portento de ilusionismo!

Será a continuidade desta façanha contabilístico-criativa o tal “fazer mais com menos” que é prometido aos portuenses pelo candidato a herdeiro que lá vai continuando a ansiar por uma assunção de efetiva paternidade?

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