O pensamento vindo do SPD
alemão já foi fator e matéria de transformação do debate político e das soluções
de governação social-democrata. A agonia desse pensamento é trágica, sobretudo
após a reunificação alemã e no contexto atual de subalternidade inequívoca face
ao primado da aliança Merkel – Liberais.
Em plena campanha eleitoral
para umas eleições alemãs de que talvez estejamos a esperar resultados desproporcionados
para o futuro europeu, seria de antecipar que o pensamento do SPD surgisse com repercussão
mais audível e consistente. Mas o SPD padece dos males de liderança que toda a
esquerda socialista hoje atravessa. Peer Steinbrϋck é um líder vazio, não se
lhe percebe uma ideia e dos debates que travou recentemente com Merkel fica
sobretudo uma atitude crítica face ao consulado de Merkel (de postura e não de
ideias). E, pelo que se vai sabendo, o gesto do dedo do meio espetado foi uma
tentativa gorada de marcar uma postura de irreverência, por isso ainda uma
questão de postura e não de ideias transformadoras. O gesto é a melhor evidência
de que dali não resultarão avanços para a social-democracia.
Valha-nos que pelo menos António
José Seguro não parece ser homem para enveredar também por atitudes de irreverência.
O veneno fatal de Vasco Pulido Valente brindou-o hoje com mais um pedaço de fel
assassino, avançando provocatoriamente que “no cérebro do sr. Seguro não existe
o vestígio de uma ideia”. Mas Seguro tem resistido a querer ser o que não é. Convenhamos
que o homem não tem estrutura de irreverência possível. Mas conviria começar a
trabalhar algumas ideias de governação, ideias simples, consistentes,
operativas. Pode não bastar a vertente do castigo à governação atual. Mas as
autárquicas dirão se é suficiente capitalizar o descontento ou se não haverá
forças políticas mais adestradas nessa competência.
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