Não me passaria pela cabeça
que a noite das eleições alemãs se caracterizasse paradoxalmente por tal confusão
de antecipação de resultados, apesar do super-resultado obtido por Angela
Merkel, algo que poderá oscilar em torno dos 42%. Mesmo na hora em que escrevo,
os jornais on line não são unânimes
na avaliação do resultado final a partir das estimativas disponíveis, sendo
quase certo que a chancelar terá ficado à porta de uma maioria absoluta,
resultado que contrariaria todas as expectativas suscitadas na imprensa
internacional.
Ao contrário das eleições
anteriores, as bandas da distribuição eleitoral levaram rombos consideráveis
com Liberais (parceiros da coligação atual) e o partido anti-Euro a
afundarem-se e a não obterem o visto dos 5% de entrada no Bundestag. Governará
Merkel sozinha com apoios parlamentares pontuais ou enveredará a chanceler por
coligação (mas nem sombras uma “grande coligação” dada a desproporção de
resultados) com o SPD (não tão penalizado como se esperava) ou com os Verdes,
agora que Fukushima terá arrasado as convicções nucleares de Mutti Merkel?
Teresa de Sousa tem um excelente comentário no Público on line
sobre a vitória de Merkel, no qual analisa possíveis cenários daqui decorrentes,
concluindo que pelo menos a questão europeia parece ter passado esta prova difícil,
mesmo sem que se anteveja uma consequência clara destes resultados.
Mas o que parece
confirmar-se é a vitória da não ideologia de Merkel, algo que virá da sua
experiência de vida de juventude na ex-Alemanha de Leste e que acabou por
configurar um pragmatismo político identificado com os traumas e ambições da
sociedade alemã de hoje.
No fim de contas um dado
adquirido para o futuro da questão europeia, sobretudo porque será difícil
encontrar no xadrez político europeu uma vitória tão significativa entre as
forças políticas mais influentes no Conselho Europeu.
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