domingo, 22 de setembro de 2013

SUPER MUTTI



Não me passaria pela cabeça que a noite das eleições alemãs se caracterizasse paradoxalmente por tal confusão de antecipação de resultados, apesar do super-resultado obtido por Angela Merkel, algo que poderá oscilar em torno dos 42%. Mesmo na hora em que escrevo, os jornais on line não são unânimes na avaliação do resultado final a partir das estimativas disponíveis, sendo quase certo que a chancelar terá ficado à porta de uma maioria absoluta, resultado que contrariaria todas as expectativas suscitadas na imprensa internacional.
Ao contrário das eleições anteriores, as bandas da distribuição eleitoral levaram rombos consideráveis com Liberais (parceiros da coligação atual) e o partido anti-Euro a afundarem-se e a não obterem o visto dos 5% de entrada no Bundestag. Governará Merkel sozinha com apoios parlamentares pontuais ou enveredará a chanceler por coligação (mas nem sombras uma “grande coligação” dada a desproporção de resultados) com o SPD (não tão penalizado como se esperava) ou com os Verdes, agora que Fukushima terá arrasado as convicções nucleares de Mutti Merkel?
Teresa de Sousa tem um excelente comentário no Público on line sobre a vitória de Merkel, no qual analisa possíveis cenários daqui decorrentes, concluindo que pelo menos a questão europeia parece ter passado esta prova difícil, mesmo sem que se anteveja uma consequência clara destes resultados.
Mas o que parece confirmar-se é a vitória da não ideologia de Merkel, algo que virá da sua experiência de vida de juventude na ex-Alemanha de Leste e que acabou por configurar um pragmatismo político identificado com os traumas e ambições da sociedade alemã de hoje.
No fim de contas um dado adquirido para o futuro da questão europeia, sobretudo porque será difícil encontrar no xadrez político europeu uma vitória tão significativa entre as forças políticas mais influentes no Conselho Europeu.

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