A Fundação Francisco Manuel
dos Santos tem vindo a assumir um crescente protagonismo no debate das ideias
em Portugal e fá-lo segundo um modelo de lançamento de ideias para o debate num
espectro relativamente alargado de perspetivas, não esquecendo o papel do
PORDATA na sistematização de evidências sobre a sociedade portuguesa e na
vulgarização rigorosa da informação estatística.
O encontro “Portugal
Europeu. E Agora?” preenche largamente esse critério e a divulgação que a TVI e
a TVI 24 está a dedicar ao encontro, mais o próprio vídeo stream da Fundação com transmissão on line das sessões, coloca o debate no centro da comunicação
destes dois dias.
A possibilidade de fazer
chegar o pensamento de Wolfgang Mϋnchau, Dani Rodrik e outros pensadores “out of the box” do que vai correndo
pelos meios de comunicação portugueses à opinião pública é um grande contributo
para o debate democrático.
E, coincidência das coincidências,
o encontro acontece num momento muito particular, no qual as autoridades
comunitárias parecem dispostas a jogar o jogo do gato e do rato com o governo
português acerca dos rumos e condicionalidades futuras do resgate da economia
portuguesa. É espantosa a figura desempenhada por personalidades menores do
pensamento europeu, como por exemplo o inenarrável socialista e Presidente do
Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem. Incapaz de reconhecer a falência de todo o
processo de condicionalidade que acompanhou o resgate da economia portuguesa,
essa Europa menor joga deliberadamente com o comportamento errático da maioria
governativa em Portugal, a sua falta de convicção em todo este processo,
sobretudo porque essa maioria sempre encarou o resgate como uma oportunidade
oculta de fazer passar um projeto político não escrutinado democraticamente.
A geração de uma opinião pública
capaz de se impor à mediocridade dos projetos políticos que estão na mesa passará
inevitavelmente por uma posição mais elaborada sobre a Europa e sobre o papel
que nela pretendemos desempenhar.
O Encontro de hoje e de
amanhã, embora demasiado Lisboa-cêntrico para meu gosto (nem uma personalidade a
norte enriqueceu as sessões de tão diversificado encontro), vai nessa direção. O
facto de uma televisão o ter acompanhado e lhe ter dado devido relevo é um
passo promissor.
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