sexta-feira, 13 de setembro de 2013

PORTUGAL EUROPEU. E AGORA?



A Fundação Francisco Manuel dos Santos tem vindo a assumir um crescente protagonismo no debate das ideias em Portugal e fá-lo segundo um modelo de lançamento de ideias para o debate num espectro relativamente alargado de perspetivas, não esquecendo o papel do PORDATA na sistematização de evidências sobre a sociedade portuguesa e na vulgarização rigorosa da informação estatística.
O encontro “Portugal Europeu. E Agora?” preenche largamente esse critério e a divulgação que a TVI e a TVI 24 está a dedicar ao encontro, mais o próprio vídeo stream da Fundação com transmissão on line das sessões, coloca o debate no centro da comunicação destes dois dias.
A possibilidade de fazer chegar o pensamento de Wolfgang Mϋnchau, Dani Rodrik e outros pensadores “out of the box” do que vai correndo pelos meios de comunicação portugueses à opinião pública é um grande contributo para o debate democrático.
E, coincidência das coincidências, o encontro acontece num momento muito particular, no qual as autoridades comunitárias parecem dispostas a jogar o jogo do gato e do rato com o governo português acerca dos rumos e condicionalidades futuras do resgate da economia portuguesa. É espantosa a figura desempenhada por personalidades menores do pensamento europeu, como por exemplo o inenarrável socialista e Presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem. Incapaz de reconhecer a falência de todo o processo de condicionalidade que acompanhou o resgate da economia portuguesa, essa Europa menor joga deliberadamente com o comportamento errático da maioria governativa em Portugal, a sua falta de convicção em todo este processo, sobretudo porque essa maioria sempre encarou o resgate como uma oportunidade oculta de fazer passar um projeto político não escrutinado democraticamente.
A geração de uma opinião pública capaz de se impor à mediocridade dos projetos políticos que estão na mesa passará inevitavelmente por uma posição mais elaborada sobre a Europa e sobre o papel que nela pretendemos desempenhar.
O Encontro de hoje e de amanhã, embora demasiado Lisboa-cêntrico para meu gosto (nem uma personalidade a norte enriqueceu as sessões de tão diversificado encontro), vai nessa direção. O facto de uma televisão o ter acompanhado e lhe ter dado devido relevo é um passo promissor.

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