A publicação pelo INE das
contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2013 confirma as perspetivas
e sinais de recuperação de crescimento face ao trimestre anterior, embora ainda
não suficiente para fazer inverter o tom recessivo esperado para a totalidade
do ano de 2013. Francisco Loução no seu momento semanal na SIC Notícias assumiu
uma de pedagogia atenta e explicou bem o afundamento da economia portuguesa que
esta ligeira subida não consegue eliminar (continuamos debaixo de água).
Mas na minha perspetiva o
sinal mais promissor (o que parece paradoxal) dos dados do segundo trimestre,
mesmo tendo em conta o seu caráter eventualmente sazonal e o peso que as
receitas de turismo nele desempenham (o que não é um problema, antes pelo contrário),
é o que é dado pelo comportamento das importações. Ou seja, depois de muitos
trimestres anómalos em que a queda de importações não tem qualquer origem no
reforço substitutivo da produção nacional, mas tão só é o reflexo da
austeridade abrupta e do não investimento empresarial, o crescimento das importações
no segundo trimestre pode significar que, finalmente, elas começam a reagir
como fruto da recuperação de crescimento económico. A verdadeira reforma
estrutural da economia portuguesa consistirá na melhoria do seu défice externo
em contexto em que naturalmente as importações reflitam as necessidades da
economia portuguesa em contexto de crescimento. Apesar das melhorias recentes
em alguns setores de equipamentos especializados, a economia portuguesa
continuará dependente em muitas categorias de bens de equipamentos e, por isso,
se crescer como se espera, então a procura dos mesmos tenderá naturalmente a
aumentar. É por isso que o crescimento das exportações de bens e serviços deve
assegurar financiamento para alguma dessa capacidade de importação necessária.
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