(Ilustração do Financial Times para o artigo de Adam Posen)
A “germanização” da Europa
tem sido apontada como um atrofiamento intolerável do processo de construção
europeia, a antítese dos seus princípios constitutivos baseados na pluralidade,
diversidade, solidariedade.
Adam Posen assinou há dias um artigo no Financial Times que dá uma outra nuance a essa germanização e aos perigos que ela representa. O
argumento é baseado nas características de modelo de crescimento económico que
tem diferenciado a economia alemã nos últimos tempos.
Talvez para surpresa de muitos,
Posen apresenta argumentos que evidenciam que a economia alemã tem prosseguido
um modelo de competitividade baseado na diminuição dos custos de mão-de-obra, o
que é no mínimo paradoxal numa economia de fronteira como a alemã se apresenta.
A evidência de que a taxa de investimento tem permanecido na economia alemã em
torno dos 18%, descendo continuadamente de valores em torno dos 24% e
significativamente abaixo do grupo de 7 economias que lideram a economia mundial.
E, surpreendentemente, a produtividade (o produto por hora trabalhada) tem
evoluído ¼ % abaixo da média da OCDE, não se notando na economia alemã qualquer
sinal de melhoria de qualificações face a gerações anteriores.
Há, assim, evidências de que
a economia alemã está a regredir na cadeia de valor das suas exportações, de
que o principal sinal é a insistência no fator de competitividade redução dos
custos em trabalho.
Neste contexto, os perigos
da “germanização” assumem novos cambiantes e não são apenas de hegemonia política.
A evolução europeia que se antecipa a partir destes sinais é totalmente
contraditório com toda a retórica que domina a Europa 2020, tal como o foi com
a retórica também falhada da Estratégia de Lisboa.
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